Antoine de St-Exupéry

'Os homens deixaram de ter tempo para conhecer seja o que for. Compram coisas feitas nas lojas. E como não há lojas de amigos, os homens já não têm amigos...'

hoje não sou idiota

nem sei bem o que hei-de escrever...
hoje estou naqueles humores irritantes e irritadiços...
não me venham falar se não querem azedar... é só um conselho...
estou sempre a tentar fazer com que as coisas tenham sentido e dou sempre mais atenção aos outros que a mim e, claro, depois acabo mal humorada...
a ver se eu fosse uma egoista se gostavam mais de mim...
não... deve ser de ser 'loura'... que não sou.
há coisas que nao se dizem nem são precisas dizer... tenho, como tenho vindo a dizer, dentro de mim uma sensibilidade para-anormais que me faz resentir não ser agressiva.
ora que eu devia era pegar e rabiscar a vossa tromba com as raivas que me dão.
tromba... tromba não que é uma ofensa aos elefantes que são melhores que qualquer um dos seres mesquinhos que atiram pedradas fingindo que não percebem o que fazem.
gosto pouco de gente armada em burra, embrutecendo os outros através da sua própria imagem...

estou a falar no geral.
mas estou a falar de todos nós que o fazemos, às vezes sem querer mas sempre com um laivo de malvadez que nos é caracteristico.
deve ser por ser 'loura'... que não sou.
mas é, sem dúvida, isso que me falta.
falar como os outros daquilo que quero sem estar a preocupar-me se estou ou não a espicaçar a outra maldade... por pura idiotice ou estupidez!
entretanto rodeio-me de quem gosto e vejo que tambem esses gostam é de si...
clarooo! mas porque havia eu de merecer atenção diferente???
tenho identidade própria e, pelo andar da carruagem, vou virar lobisomem na próxima Lua Cheia... mas ainda bem!
era o que me faltava mesmo.
isto aqui de se ser docinho e mimoco... já deu o que tinha a dar!
agora é rebentar com isto e... opah! fazer como será suposto...
Prometer e não cumprir ou, como me dizias outro dia, prometer e marimbar se se cumpre!
Palavra de honra... que há quem não a tem e que penalize os outros que se querem enquadrar nos rectos e honrados.
era o que faltava!...
Palavra de honra que há por aí muita gente que nem sequer consegue ver o próprio umbigo e perceber que espelhamos nos outros a raiva que sentimos de nós...
ora eu, que sinto mesmo mesmo é pena (que é uma vergonha!!) acabo por olhar para os outros com o meu lado compreensivo e digo «'tadito...» o que acaba por justificar toda a ruindade que em mim depositam mesmo que quando apenas em palavras soltas ou injustificadas que eu percebo perfeitamente...
Gosto pouco de me fazer de loura...
mas ao que parece é-vos mais fácil ver-me assim.
alem de que é, isso sem qualquer dúvida, menos agressivo.

bem bem... caminhamos a passos largos para lado nenhum e quando for a altura de dar a curva vamos perceber que andei a gastar a minha atenção com coisa nenhuma.
e com isto apenas quero dizer que se me têem visto em paz, não me queiram beligerante...
como hoje.
deve ser de ser 'loura'. que não sou!
é que se querem perguntas e respostas na hora, inocente ironia e requinte de malvadez em sorrisos doces... aproveitem que hoje não é o dia!
hoje arranco cabeças e mutilo os idiotas que ousarem achar que eu sou inerte.
hoje não sou idiota.

31-Outubro-2008
vou mesmo virar Bruxa...

pela revolta de não ter fúria em mim que é mais forte quem a tem...

Apercebemo-nos que nem tudo é doce...
A raiva contida, a maldade rasgada nas palavras, a vontade de magoar apenas para ser superior...
A necessidade de controlar, de ser mais forte...
Dominar pela força para se ter a certeza de que não se é enganado...
E como se está errado...
O erro de acreditar que a força domina quando o que está dentro de nós nem sequer forma tem.
O erro de acreditar que pela força se consegue acabar com a vontade própria...
Acredita que seria mais simples matares o físico do que o espírito que flutua dentro de mim e que se revolta em cada palavra ou acto de agressão...
Pensei mesmo que serias diferente mas encontro-te às vezes tão próximo daquilo de onde fugi...
Não julgo ninguem pelo que não me fizeram e esperava essa justiça dos outros.
É-me imensamente pesado assumir que tenho medo de ti...
E tenho a certeza que não é esse o teu objectivo mas a verdade, a vida, o caminho que deixei para trás, deixaram-me condicionada e, de cada vez que mostras ser mais forte do que eu eu apenas vejo um medo enorme de... deixar de poder ser eu, passar a ser algo inerte que apenas está porque existe...


Deixa-me ser eu, não me tentes enclausurar nem me mostres que és forte porque eu apenas deixarei de existir, controlada pelo medo...
Pergunto-me o que está para acontecer... se o que se viveu será ultrapassavel, se compreendes o que te digo, se eu conseguirei continuar a aceitar...
Pergunto-me o porquê de me fazeres sentir insuficiente e apesar de saber que são apenas as tuas próprias inseguranças é em mim que elas caem e doem...
É a mim que é perguntado «porquê?»
E é a mim que eu respondo que não sei, que é apenas uma fase, que irás compreender que sou apenas uma miuda que não cresceu, que se deixou desde sempre controlar apesar da fúria com que olha o Mundo.
Ela está cá... mas todas as raivas contidas, a maldade rasgada nas palavras e a pura vontade de magoar para ser superior acabaram por me esmagar e, tal como a um cãozinho ao qual ensinamos a dar patinha, continuo a dar patinha sempre com medo de ficar de castigo e apenas porque tenho a certeza de que muitas vezes a fúria com que deveria controlar o meu Mundo está tão adormecida quanto habituada a ser vergada.
É um sentimento estranho que irrompe dentro de mim quando essa necessidade de controlar, ser mais forte, é exercida em mim.
Encolho-me em mim, aceito tudo e deixo que de mim façam as coisas mais desumanas como perder a minha identidade.
Faço-o, tal como um cãozinho, para agradar, para ser amada e com isso agrido-me a mim própria com a força de uma vara e a dureza de um ferro em chamas.
E digo a mim própria «porquê?»
E é a mim que é respondido, pela revolta de não ter fúria em mim que é mais forte quem a tem...
Que eu poderia estar do outro lado, se eu fosse o pilar que em mim deveria ser...
Mas eu continuo a deixar-me dominar pela força que os outros medem em físico e amordaço o espírito que em mim deveria rasgar tudo e todos.
O espirito que tem a força de ser eu, de continuar a querer estar mesmo quando não se é nada...

2-outubro-2008

fora de mim e daqui...

Justifico-me injustificadamente.
Escrevo sempre da mesma maneira e faço tudo sempre da mesma maneira.
Canso-me a mim própria sem conseguir romper com a minha inércia.
Falo. Muito. Demais.
Penso. Muito. Demais.
Mas não faço nada.
Passo momentos em que nem nada quero.
Não quero nada.
Quero ser outra coisa.
Não sei se me entendo. Sei que não estou no sítio certo.

7 – Agosto – 2008

Petição contra Aberração - Petition against Animal Abuse

http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html
é a primeira, e talvez a única vez em que postarei sobre algo que não o meu Mundo mas esta situação faz parte do nosso Mundo...
é uma aberração tomar consciência do que um ser dito 'humano' faz em nome da dita 'arte'.
no passado ano 2007 quando tomei conhecimento desta «obra de arte» fiquei chocada e chorei tendo finalmente consciência de que somos cada vez menos aqueles que se preocupam, aqueles que vêem que não será com agressividade que iremos conseguir combater a violência...
e esta é uma situação de violência extrema e ainda para mais contra um ser que, nada pode fazer em sua defesa...
Por favor, toma consciência de que estas situações existem e de que apenas existe uma pessoa capaz de mostrar a sua raiva contra elas: TU!

mais informações sobre esta crueldade:
http://guillermohabacucvargas.blogspot.com/

há um fumo que se adensa e que esconde o que houve

Onde antes havia medos houve esperanças.
Onde antes havia esperanças houve paixão.
E agora? O que há?
Há amizade? Há um fumo que se adensa e que esconde o que houve.
Acreditou-se existir muito e... o que existe afinal?
Tenho medo novamente e as esperanças vão se cobrindo de um manto de silêncios onde escondo o que não sei o que dizer.
Não me questiono sobre o que sinto mas sinto que o que foi sentido está, devagar, a ser coberto de nada.
E é disso que tenho medo.
Acreditei, tentei e, sem receios, afundei-me novamente nas minhas sensações de que tudo seria o céu.
E tu... tão perfeito, tão cheio de cor estás, lenta e profundamente, a afundar-me naquilo que pensei que sentias.
Se o escondes, se o manuseias de forma a deixar de existir ou se apenas descobriste que foi um devaneio... não o sei.
Nada é dito, o silêncio das palavras que escondes mas que dentro de mim se gritam mostram-me que está na altura de descobrir o verdadeiro caminho.
Abandonar mais uma vez as minhas esperanças e caminhar o longo e sinuoso caminho que percorro, sozinha.
Achei, acreditei e fiz-me crente de que estavas em mim e, apesar da tristeza que sinto, começo a ver que, mais uma vez, me enganei a mim própria...
Ou que apenas estou enganada...
Gostava tanto... que as coisas fossem da cor que as vi, que tu conseguisses ultrapassar esse teu nem-sei-o-quê e que apenas estivesse errada...
Fui eu? Que foi que eu fiz... já fui perfeita. Se já fui o que querias...
Ontem vi e chorei o momento. O momento em que de bestial fui besta e em que questionaste a decisão que tomaste.
Sei que, pelas cores que vi de ti, achas que deves ser recto, manter decisões, assumir compromissos mas se o amor que sentias já era não há nada de recto em continuarmos assim.
Amizade será sempre, amor e paixão que eu vi não sei onde está, se foi, se volta, se era...
És frio ou então apenas sou eu que tenho um medo-terror que estejas a ir nesse caminho.
Sou apenas aquela que achou que o teu arco-iris e os kilometros de olhos me levavam longe... para longe das mentiras, do que já foi...
E agora, o medo de te ter visto ao longe e com o meu cérebro binoculo achar-te perto, não sei se me queres afastar, se te achas demasiado perto ou se apenas esse teu receio nos afastou ou se... sou apenas eu, com a minha falta de auto-estima, o meu amor-próprio fingido que te afastei dentro de mim e por isso vejo-te longe.
Queria ter a coragem que afirmo ter e conseguir regurgitar estas palavras e pensamentos em ti mas a verdade é que não sou. Sou fraca, pequena... sinto-me a vazar por dentro sem força nem vontade de falar.
Tenho medo das tuas respostas que não quero ouvir. E por isso nada digo apesar de (como eu quero estar errada) achar que nada há a dizer...
Não vou continuar a dissecar o que não sei.
É-me doloroso pensar que estamos a arrastar.
É coisa que não quero. Sei o que é, senti o que doi e apesar de tudo repito-o apenas porque no fundo não te quero afastar.
Tenho medo novamente e as esperanças vão se cobrindo de um manto de silêncios onde escondo o que não sei o que dizer.

Sou apenas aquela que achou que o teu arco-iris e os kilometros de olhos me levavam longe... para longe das mentiras, do que já foi...

24 – Junho – 2008

o turbilhão de emoções onde vivo

Apetecia-me escrever qualquer coisa.
Deitar cá para fora o sem número de sensações que tenho.
Ando a controlar-me, eu sei.
Ando a controlar o que sinto porque não quero voltar atrás, ao tempo em que eu não sabia que era fraca e... sensivel.
Mas sou. Lamento se isso faz de mim uma coisa menos fiável ou estável mas... sou. Tens razão. Sou um turbilhão de emoções.
Quero ser paz e luz.
Quero ser humilde, e ligada, conectada. Mas nem sempre consigo...
Às vezes perco-me, e doi. Ainda mais quando o vês.
Foi isso que me magoou. O veres as minhas fraquezas quando eu de ti sempre as quis esconder.
Se as esconder bem nunca me haverás de conhecer e por isso estarei protegida. De mim... tenho medo de me mostrar, de me dar, de te dar o que sei que deveria controlar. Tenho medo que não percebas que se to der ficarei destapada deste manto de força com que me tapo e que, mesmo sem querer, ultrapasses a barreira da sensibilidade e me faças perder de vista a luz que parece aparecer lá ao fundo.
Ouço a tua voz no silêncio e as palavras que dizes enquanto me encostas ao teu peito fazem-me voar...
A mim... que pensei ter perdido as asas...
Lá do alto vejo o Mundo, azul, calmo... e quase acredito que ‘está tudo bem’.
Às vezes, quando tu sais pela porta, eu fico a pensar... penso se faço bem, se faço mal, se sei o que estou a fazer, se devo continuar a faze-lo, se... penso demais.
Queria ter coragem para dizer a verdade.
Não penses que a verdade é diferente da realidade onde temos vivido. Não é. É mais... mais... especifica.
É isso. Especifica.
Deste-me uma nova oportunidade de voar e eu, apesar de me querer controlar, às vezes perco-me no céu azul das tuas lágrimas que não quero ver.
Tenho medo de te agarrar demais, tenho medo, ainda mais, que aches que não te quero agarrar.
Tenho medo de me perder nos kilometros dos teus olhos e de depois não saber voltar atrás... Mas mais do que isso... mais do que tudo isto... tenho medo de te deixar agarrares-me, acreditar que terás força e depois perceber que a minha falta de estabilidade, o turbilhão de emoções onde vivo seja demais para ti.
Não sei o que se passa.
Gostar é um constante medo de errar. E eu gosto de mim, não me quero errar mas... tambem gosto de ti, sabes.
Perco-me nas palavras que dizes quando me chamas ‘anda cá’ e ainda mais no brilho que vejo nos teus olhos quando olhas para mim de perto, tão perto que quem fala não são as nossas bocas mas os nossos lábios e corpos, um contra o outro.
E voamos... eu pelo menos... voo para tão alto que até perco de vista as minhas periclitâncias mundanas e...
Fizeste-me acreditar. A sério.
Dizes que mal te vi quis voar contigo. Não digo que não. Quis. O porquê não to consigo dizer mas... acredito... acredito que há demasiadas coincidências, via-as e achava tão... anormal. Foi uma anormal coincidência e eu, acredita!!, pela primeira vez não controlei. E, queres saber? Ainda bem.
Não me arrependo porque se eu te pudesse explicar, fazer sentir o quanto me fizeste evoluir dentro de mim ias perceber que o teu maior achievement foi teres-me feito reacreditar que afinal eu sou especial.
Percebes agora?
Percebes o meu medo?
Quando olho nos teus olhos ouço-os a dizerem-me ‘anda cá’ e eu queria era ouvir as palavras que guardas...
Porquê? Porque as guardas? Talvez tambem tu tenhas medo. Deves ter. Eu tenho. E eu vejo, nos teus olhos, que os teus medos são iguais aos meus.
Tenho medo que aches que quando olho para ti não vejo nada em especial.
Vejo. Vejo... vejo que és especial sim. Ouço-o nas tuas palavras, vejo-o nos teus kilometros de olhos... tapo os olhos e... vejo-o com o coração. Escondo-o e vejo-o com o meu ajna...
Tenho muito medo de me perder no som que sai de ti e que embala a minha alma e acho que sentes igual.
Foi isso que me fez não ter medo, não recuar, não hesitar e deixar fluir o campo de energia que fluia entre mim e ti.
Sentiste? Eu senti... e não resisti, não controlei e deixei-me ir.
E agora voo...

12 – Maio – 2008

esteve escrito em post-it tanto tempo...

Gostei de dançar contigo.
Podes não ter percebido, não to disse...
Mas recordo.
Mesmo que nunca houvesse amanhã teria sido um momento único em mim.
Gostei e isso já foi mais que muito.
Mesmo que não houvesse outro amanhã, mesmo que o ontem tivesse sido o tudo tinha sido muito.
Muito mais do que pensei, muito mais do que ousei querer.
E é por isso que to digo.
Quero que saibas e quero não me esquecer que foi por este momento.

sd

no meu relógio onde os segundos são milésimos e as horas anos...

Há dias em que me sinto ainda mais sozinha mesmo quando tudo corre bem...
Sinto-me abandonada sem sorte e sinto-me fraca sem vontade...
Há dias em que penso que afinal não faz sentido correr... mais valia andar devagar e sem pressas... já que a lado nenhum é onde chego...
Há dias em que tudo parece estar longe dos meus sonhos e, mesmo apesar de tudo correr bem, sou eu que me afasto...
Há dias em que queria estar sozinha, ser invisivel...Não ter que respirar, viver... apenas poder existir sem qualquer ligação a este plano...
Quem olha vê um corpo mas eu, que olho para dentro de mim, não vejo nada.
Não tenho para onde ir.
Não tenho o que dizer.
Não tenho o que fazer...
Dentro de mim...
Cá fora a vida passa tão depressa... as pessoas passam a correr, o telefone não pára de tocar, os e-mails caem e o som que do meu computador sai ensurdece a minha sensibilidade que, tal como uma criança assustada, se enconsta ao canto da sala, mãos sobre a cabeça, corpo em posição fetal e (tal como eu) susurra «vai correr tudo bem. Está tudo bem...»
Tenho tanto e às vezes dou-lhe tão pouco valor... Que sonhar e querer ir mais longe é de Homem! Mas eu... eu sou só uma miuda... uma miuda que não cresceu... que continua a achar que amanhã será um lindo dia...
Às vezes o peso da minha pouca altura cai-me em cima e eu vejo que, coitadinha... não aguenta mais!... mas digo-te «tem que ser... mais um esforço... aguenta... e assim vais ver... crescrerás... é como comer a sopa toda...»
Digo isto num tom murmurado como quem se conveçe a si próprio porque é isso que quero fazer.
Mais um carro que passa veloz, um cão que ladra (tão rápido!) o meu relógio onde os segundos são milésimos e as horas anos...
A minha vontade de que o céu seja o limite e o meu eterno medo de nunca o atingir...
Tenho tanto e adoro tudo o que tenho.
Mas a mim... a mim eu não tenho e é isso que me faz ter esta imensa sensação de estar sozinha.
Pior não é quando não temos ninguem mas quando não nos temos a nós...
Para quem vive a acelerar quando tudo o que quer é que o Mundo passe devagar... para se poder saborear as coisas e para que as possa ver ao pormenor...
Passa tudo tão rápido... é tudo tão pouco durador quando está a ser o nosso desejo e depois... a rapidez com que aparecem as coisas que fazem voltar a mim a pequenina miuda agachada, a medo...
Não cresci... não evolui, não senti, não escondi, não me revoltei...
Continuo a ser a mesma miuda que tem medo do escuro do barulho e que chora de cada vez que um trovão bate no Universo... continuo a ser aquela miuda que corria para se esconder de nada que vinha atrás e que tremia por cada vez que achava que ia ficar sozinha...
Apesar de tudo correr bem...
Mas é dentro de mim, dentro de mim que as coisas estão presas... é dentro de mim que está o medo, é dentro de mim que está a incapacidade de crescer, é dentro de mim que falta o ar, é dentro de mim que não chove quando devia e chove quando tudo está bem...
Como a azáfama do dia a dia, como a rapidez com que tudo se modifica e fica na mesma (aquela rapidez molecular que nós nem vemos) como a menina que tenho dentro deste corpo que cresceu e ficou na mesma...
Sinto-me sozinha, sem mim... e apesar de me ver, presa por vontade própria, não me consigo libertar porque o som me ensurdece e a minha necessidade de fugir levam-me para cada vez mais longe de mim, da menina que devia salvar...
Pode ser que um destes dias eu compreenda que é de mim que devo deixar de fugir.

6 – Maio – 2008

queres ver o meu verdadeiro «Eu»?

A minha inspiração não é coerente com a minha disponibilidade...
Ontem estava de rastos... cansada...
Dei-te uma coisa que nem imaginas... e tu humildemente aceitaste e fizeste-me feliz.
Dei-te algo que não pensei dar a ninguem... a oportunidade de me veres. E quase, quase me mostrei!
Há coisas que sei que gostava de falar...
Porque não o faço?
Não quero a tua piedade nem a tua simpatia.
Só quero ser agradavel e não preciso que as minhas fraquezas (mais que muitas) nos interrompam...
Achas que conseguirias aceitar as minhas fraquezas?
Ou aquilo que procuras é aquilo que vendo de mim?
Sabes... eu acho que me vês, como eu sou e ainda assim me dás a oportunidade de fazer o meu teatro até que, quando as cortinas se fecharem, me digas «eu sei quem tu és».
E sabes que mais?
Vou admitir... vou.
Acho que é isso que eu quero...
Que me digas que sabes quem sou, com todas as minhas periclitâncias...
Que saibas que no fundo eu não sou a força que pareço mas que me debato e esforço por me manter na corrida.
E cada vez mais acho que o importante, o realmente importante, não é aquilo que estamos a ser mas aquilo que queremos e ansiamos ser. Aquilo para o que nos direccionamos... mas por outro lado... somos aquilo que somos.
Eu sou debil. Sou assustada, medrosa do amanhã... mas encaro-o todos os dias com uma força redobrada de quem pode não ter amanhã e por isso o agora é o mais importante.
Não sei (nem me interessa!) se queres ou não saber o que sinto e por isso acabo por transforma-lo em nada para que possas apenas ver o nada mas eu sei (eu sei, tenho uma quase certeza irracional) que vês que debaixo deste manto de desinteresse há algo mais.
Há. E às vezes... grito-o tão alto dentro de mim que até tenho medo que me ouçam!
Tenho medo... de ser descoberta, de que saibam (saibas) que afinal esta força é toda criada e alimentada dentro de mim e que não existe.
Mas a força que dou à minha força, a vontade que retribuo à minha vontade é inabalavel como a força da Natureza porque é dela que ela vêm.
E, se quiseres, posso partilhar contigo o meu verdadeiro «Eu»... se estiveres preparado... sei que o vês, porque no fundo tambem não o consigo esconder de ti porque... porque... porquê não sei explicar... há coisas, e essas sim as mais importantes dentro de mim, que não consigo explicar... tal como não consigo arranjar razão para a enorme alegria que sinto quando fecho os olhos e sinto que estou aqui...
Não posso dizer-te o que sinto... mas posso dizer que se achei que eram apenas bonitas coincidências, hoje aprecio cada momento delas certa de que é isso que devo fazer.
E sabes que mais? Que se lixem as regras, os comportamentos, os medos e as supostas convenções!
Eu sempre quis deixar uma tábua rasa contigo e sempre o fiz. Dei-te uma oportunidade única mesmo quando me foi dito que deveria condensar a minha compreensão... ahhhh! Que se lixe!
Tu por acaso testaste-me?
Tu por acaso estás a ver onde vou?
Então deixa-me abreviar caminho e dizer-te que vou para... não sei!!...e sinto-me maravilhosamente bem assim!
Adoro ir contigo onde não sei onde vou.
E, se quiseres, vamos continuar a ir e até, quem sabe, se estiveres preparado vais ver debaixo desta capa o meu verdadeiro «Eu».
Um dia... quiçá!

30 – Abril – 2008

e tudo continuará a ser tão simples...

Levo uma vida simples.
E gosto.
Gosto da simplicidade das coisas, gosto de me sentir presa à liberdade, de estar sozinha, acompanhada, mas principalmente gosto de sentir que estou ligada, desperta e atenta.
Gosto de acreditar que o Ceu e a Terra estão unidos, gosto de aceitar as ofertas que me são trazidas pelo Universo e acima de tudo gosto de conseguir assumir que tudo faz parte.
Adoro sentir o vento na cara, ouvir os passarinhos a cantar (principalmente os papagaios anões...) de os ver a voar por cima de mim, sentir o Sol, a Chuva, ouvir o som da Luz...
Gosto de aceitar que sou um Ser único e que este momento é, tambem ele, único e irrepetivel.
Levo uma vida simples, vivo e acordo, morro todos os dias um bocadinho e ainda assim sinto-me única.
Vejo as cores do Arco-Iris e saudo-o como se ele fosse meu amigo, mais compreensivel e companheiro que qualquer outro Ser semelhante a mim.
Sinto-me livre e gosto.
Sinto que me prendo ao que quero mas mais do que isso liberto o que amo porque a clausura querida é melhor que a oferecida.
Voo para longe de mim, volto e vejo-me de fora. E isso é tão bom.
Às vezes, raras mas preciosas, consigo até sentir o Amor que a Mãe Terra tem por mim e que o Pai Universo envia.
Às vezes, valiosas e pontuais, chego até a sentir-me especial.
E gosto. Muito...
É claro que a minha visão, a minha audição e sentido são sempre influenciados por o que me é externo mas é tão delicioso ser influenciado!
Quando as coisas são simples, curiosas, doces...
É assim que quero viver.
Simplesmente e sem pressas.
Sem dores, sem ódios nem raivas, sem medos...
Principalmente sem medos. Vivo no medo de ter medo e acabo a viver no medo porque se dele sair tudo poderá passar a amedrontar-me.
Tentei e acredito poder libertar-me, aceitar, andar, correr, voar!
Não vou continuar a prender-me nem a controlar-me, vou apenas tentar ser eu porque dessa forma vivo de forma simples e leve.
A leveza das coisas... que me puxam à Terra e me obrigam a cá ficar. E é tão bom...
Sou aquilo que sinto ser, e mesmo apesar dos meus receios e das minhas falhas posso garantir que as minhas intenções são as melhores.
Protego-me e sou brusca mas tambem isso faz parte de mim.
Fujo para não me agarrar, para não ter que te agarrar porque acho que se me quiseres agarrar conseguirás.
E ao mesmo tempo não vou longe. Deixo a cauda de fora, para poder ser vista e até, quem sabe, libertada das minhas clausuras.
Quero ir além sem nunca sair de mim e quero levar-me longe sempre no mesmo sítio.
Quero e continuarei, a levar a minha vida simples, sozinha com quem me quiser acompanhar, sem que percamos a nossa identidade pessoal pois é por ela que somos amados.
Adoro estar viva, sinto que esta é a única oportunidade que terei de experienciar o doce e o amargo e sei que tudo faz parte.
Quero agarrar este momento e senti-lo toda a vida mesmo sabendo que muitos outros momentos faltam mas o importante, o que quero mesmo, é conseguir, seja em que momento for, ver que este momento já existe.
É maravilhoso acordar com o som da minha felicidade, dormir ao som da minha paz e ver o Mundo como se o estivesse a olhar do pico mais alto onde já fui.
Visito dentro de mim lugares únicos e a eles voltarei sempre que quiser. Estão em mim.
Convido todos a aproveitarem este momento único e a visitarem-se, olhando para quem vos ama da mesma maneira com que olho para o Vento, o Sol, a Chuva, a minha vida, os passarinhos, sentido neles um Amor Incondicional de quem ama sem qualquer intenção de ser retribuido, apenas porque são nossos semelhantes, apenas porque neste momento partilhamos todos os mesmos momentos.
E a vida será tão simples e doce, maravilhosa, desapegada mas com raízes ao nosso ‘eu’ como uma árvore centenária.
E as nossas vidas continuarão a ser apeteciveis e a nossa companhia deliciosa, como os raios de Sol que me aquecem a pele enquanto ouço o chilrear animado desses seres que como nós voam. E tudo continuará a ser tão simples...

23 – Abril – 2008

é assim que se joga?

Só me apetece voltar para o meu Planeta...
Que coisas estranhas se passam aqui...
As pessoas são complicadas e outras simples de mais...
Estou farta dos terráqueos...
Ora se preocupam demais ora de menos.
Não conseguem ver as coisas simples como elas são e às complicadas acham simples.
Por favor... Haja paciência... que eu não tenho.

Não tenho que aceitar nem achar ‘normal’!!
Não tenho que compreender nem tentar perceber.
Se não gosto, se não é da minha maneira de estar... raios! Mania de compreender...
Farta.
Farta, fartinha, fartucha!...
De ser compreensiva mas a mim ninguem compreende!
Porquê?
Eu sei... estão demasiado ocupados com os seus próprios umbigos.
«a mim só me interessa o que eu sinto»
Pois sim... mas a mim tem que me interessar tudo?
Aiiii... nem pensar que isto continua assim.
É para ser egoista, é??
Tudo bem... apesar de não ter aprendido a sê-lo vou sempre a tempo.
É para ser injusta, rude, indelicada?
Sim sr! Vamos a isso!...
Tambem sei sê-lo... apesar de achar que esse tipo de comportamento é de uma falta de conexão...
A verdade é que «amor com amor se paga» e por mais que eu queira que as coisas assim não sejam e que o verdadeiro mote do meu ser ser «dá aquilo que queres receber» apenas merece esse comportamento quem assim se comporta tambem.
Seria mais facil pura e simplesmente deixar de me dar com quem é diferente de mim mas, bolas! Raio de Mundo lixado que uma pessoa tem sempre que se dar com outras tantas que nada têem a ver connosco mas que se montam na nossa vida e parasitam as nossas forças...
Queres sentir-te bem, é?
Queres?? ‘tá bem... espera lá que já vais ver... vou te fazer sentir nas nuvens só para te poder atirar cá abaixo quando as asas te arrancar...
É assim que se joga?
É um jogo?
Comigo não. É vida.
E com a vida não se brinca nem se perde tempo. Só tenho esta oportunidade e por isso, se tiver opção vou eliminar-vos a todos da minha vida.
Deixa chegar a minha oportunidade...
Agarro-as todas. Não largo nenhuma... mas, tambem sei aproveitar, sugar e deixar seco...
Não uso esse tipo de protecções nem armações mas, estou a ver que assim não vou aguentar muito mais.
Tens a mania de ser honesta...
Tens, tens... se ficasses calada, quieta e te limitasses ao teu mundinho era melhor.
Fica mas é calada e quieta que resolves mais. Pára lá de te armares em borboleta voadora e fica no lugar de percevejo limitado que é o que és.
Mania das grandezas... «um dia vou ser grande!» mas continuas a mesma garota que acha que um dia o Mundo será um sítio melhor...
Vê mas é se controlas os teus sonhos ou então deixa-os em casa.
Começa a crescer!

18 – Abril – 2008

o que quero saber do Mundo...

Desculpa se me estou a enganar, dissimular.
Não sei o que ando a fazer mas sei que não tenho qualquer intenção de te magoar, nem de me magoar a mim.
Olho para ti e gosto do que vejo, não minto quando o digo.
Acho que o pânico é mais forte do que qualquer outra coisa e por isso não me consigo ver-te.

Umas vezes ataco-me e outras fingo que não existo.
Não sei o que hei-de fazer nem como hei-de me resolver, não consigo raciocinar e as coisas baloiçam e batem umas contra as outras a uma velocidade vertiginosa.
Como a queda...
Destabilizada, maravilhada, confundida, uma dualidade de não saber o que quero o que faço onde vou...
Queria ser balizada, direccionada, queria que por um momento me fosse dito o que devo fazer.
Queria que me mostrasses o que aconteceu, porque aconteceu e o que devo fazer para que as coisas sejam simples e descomplicadas.
Estou farta de decidir sozinha, de me fazer de forte e independente quando só corro para não ficar parada.
Não sei o que faço aqui nem me consigo disolver com o resto.
Não sou nem posso ser solução. Sou uma mistura heterógenea onde eu própria não me consigo distinguir.
Perco-me em tentativas de compreender os outros mas não me compreendo a mim própria.
Eu só queria que tudo fosse simples e que eu tivesse um texto para decorar.
Queria saber o que te dizer, queria saber o que queria fazer, queria conseguir decidir sem estar a tentar compreender até que ponto tenho razão.
Compliquei quando queria que fosse simples porque vi-te complicar e copiei-te.
E agora tenho medo que a tua complicação seja mais ou menos complicada do que a minha, diferente, e que a complicação que criaste da que criei não seja nada daquilo do que pensei ou que seja ainda pior ou que não haja explicação para ela nem solução.

Quando estou contigo não consigo pensar. Vejo e gosto mas, tenho um certo receio de me estar a enganar, de te enganar a ti, de achar que me estou a enganar ou de tu estares a enganar-me e acabarmos enganados.
Não quis que as coisas chegassem aqui.
Porque tiveste que complicar?
Porque me fizeste pensar sobre o assunto?
Porque não ficámos quietos, longe um do outro cruzando-nos apenas quando tivesse que ser e gostando da companhia um do outro?
Porque quisemos complicar?
Porque é que te faço pensar no assunto?
Quando não há nada a pensar ou a fazer...
Nada. Não sei o que se passa e as directrizes que espero que me dês não aparecem.
Será que estás tambem à espera dessas mesmas directrizes?
Será que nos andamos a enganar um ao outro, será que nos confundimos propositadamente sem dar conta?
Acho que te deveria explicar que estou destabilizada e que não foi com isto que sonhei para mim.
Sonhei... mas não sonho. Há tanto tempo e... porque será que resisto?
Não quero... o pânico é mais forte do que tudo o resto.
Não posso. Não posso. Não ia conseguir resistir. Preciso de fugir de me esconder e de estar longe quando o que quero (ou não sei se quero, se tenho medo, se apenas gostava de tentar ver se resistiria) é arriscar.
Se eu soubesse o texto escrito, se conseguissemos ler o pensamento... (tudo deixaria de ser surpreendente e eu poderia saber o que se passava dentro de ti e de mim)
Tenho pena de ser uma fraca.
Tenho pena de não saber o que quero nem saber lutar.
Tenho... tenho medo de me controlar, tenho medo de me descontrolar, tenho medo de não te compreender, de não me compreender de dar a entender algo que não é ou de não entender as coisas como elas são.
Tenho medo de continuar sozinha tenho medo de me misturar e de perder a minha autenticidade, tenho...
Não tenho.
Não tenho nada.

Há momentos em que me perco nos meus sonhos, que não existem, e até consigo imaginar coisas diferentes daquelas às que me habituei mas, honestamente, o pânico é muito maior e as imagens bruscas e dolorosamente reais voltam aos meus sonhos acordados e eu penso que não tenho direito nem é esse o meu caminho.
Não quero mais isto para mim.
Não sei o que quero para mim.
Quero ser direccionada, contextualizada, sentir-me una com o resto, contigo, com algo...
Não dou nem a ti nem a mim a hipótese de ser feliz e tenho um pânico horrendo por te estar a fazer o mesmo que me faço e de te ver a ti fazer o mesmo que fazemos a nós próprios.
Demasiado tempo, demasiado parecidos, demasiado pisados, encolhidos, controlados.
E eu tenho pena.
Se as coisas fluissem se eu não me controlasse não me perguntasse e se tu fizesses o mesmo seria mais simples.
Muito mais simples... e eu não me iria controlar, não me iria esconder ou fugir.
Podia erguer os olhos e olhar as coisas de frente, vê-las, querer vê-las como são e mostrar-te que do meu lado tambem há coisas e que mesmo apesar de não saber quais, que queria vê-las pelos teus olhos enquanto tu te verias pelos meus...
Conseguiriamos superar-nos e de cima ver o que somos, onde vamos.

Eu, que inicialmente quis ajudar-te a ver que as coisas não são assim tão negras, acabei por me perguntar porque me questionei...
E afinal eu, que somente queria mostrar-te as certezas que tenho, descobri que não tenho nenhumas e acabei a perguntar-te, sem falar sem dizer, o que quero saber do Mundo...

14 – Abril – 2008

Blah!

Hoje teve que ser em papel.
Melhor.
Regresso às origens...
Quando tudo era tão simples como apenas ir dizendo.
A palavra escrita sem sentido e o sentido apenas a sentir a palvra escrita.
E tudo soa tão bem. Tão pleno e infinito.
Ainda bem. Ainda bem.
Até acho as minhas palavras bonitas, desenhadas e trabalhadas com a ponta do meu lápis a sairem cada vez mais longe da linha, sempre acima...

de volta à Terra.

Encontrei um pedaço do meu cérebro!
E ele, de volta ao meu corpo, o tal que estava soterrado, inerte, estremeceu.

Onde está o meu whisky?
Ando a aborrecer-me a mim própria com tantos pensamentos enfadonhos...

Blah!

10 – Abril – 2008

o corpo preso, o cérebro fugido, o espírito sozinho...

Andei às voltas sem nunca sair do mesmo sítio...
Andei depressa para fazer de conta que não estava perdida e sempre com atenção redobrada a ver o caminho para ter a certeza que não me enganava quando já sabia de antemão que não era ali que devia estar e que nem sequer sabia onde estava...
A verdade é que faço de conta a toda a hora.
Fingo que sei o que sou, e dou-me certezas de tudo para ter a certeza que a certeza está sempre aqui.
Faço de mim uma personagem com um script bem escrito e decorado e garanto-me que está tudo bem e que não há erro possível.
O caminho é só um e as coisas acontecem como estava escrito que iriam acontecer.
Não me revolto, não rebelo...
Não tento mudar as coisas e aceito tudo como é...
Queria somente ter a certeza de que este é o caminho mas sei tambem que isso não acontece.
Não me revolto...
Não questiono, não tento alterar nada, aceito tudo como é e tento eu mudar as coisas quando as coisas são modificadas por elas mesmas.
Não me pergunto se está bem, não faço por ser diferente...
Ando e corro sempre no mesmo sentido mas sempre às voltas e sem nunca sair do mesmo sítio...
As coisas alteram-se e eu vejo-as sempre iguais a elas próprias não conseguindo ver se ainda são as mesmas.
Toldo-me, vergo-me, rebaixo-me e continuo sempre a andar no mesmo sentido...
Altero nada para que tudo se mantenha na mesma e a liberdade que tenho uso-a para não mexer na liberdade de ninguem.
Não me dou, não me convenço nem convenço ninguem, aceito tudo e deixo tudo como está.
Porquê? Porque será mais simples ou porque acho que não tenho jeito para alterar nada?
Ou porque apenas acho que os grandes feitos e lutas não estão escritos no meu caminho que segue sempre o mesmo sentido?
Acho curioso as coisas que me acontecem de forma recorrente, da exacta mesma forma, e não me pergunto se podia ter sido diferente.
Podes achar que sou apenas um ser em paz que aceita as vicissitudes mas eu acho-me uma inerte.
Morri e nem dei conta!
Não faço por ser diferente nem por diferenciar as coisas...
Estou letargicamente envolta em estagnação e nem sequer me dou ao trabalho de movimentar.
Não que saiba não ser possivel mas apenas porque tenho a sensação de que quando mais me mexo pior o sítio onde estou.
A minha vida, que neste momento comparo a uma poça de areias movediças... daquelas que nem sequer serão fundas para me afundar mas serão o suficiente para achar que estou perdida e que por isso mais vale estar quieta para não piorar.
E depois, o pior, é não descobrir se conseguiria daqui sair.
Prefiro nada fazer. O meu cérebro cansou-se de procurar respostas, de contrariar os acontecimentos.
Libertou-se dele próprio e fugiu porque acreditou que o corpo acabava, lentamente, a sucumbir nestas areias movediças que afinal não me passam do tornozelo...
Mas quando ele fugiu eu fiquei sozinha neste claustro que é o meu corpo e o meu espírito, sentido-se abandonado pelo cérebro e a morrer pelo físico acabou tambem ele por se deitar calma e serenamente à espera que nada aconteca e que as coisas acalmem sem que se faça nada...
Ando às voltas dentro de mim própria e não saio daqui nem sequer vejo onde estou.
Tomo consciência disso e mesmo assim, nada faço...
Sempre tentei fazer de conta que me mexo, mas agora que me vejo, presa até aos tornozelos pelas areias movediças do tempo que passou em que nada fiz, gostava de poder chamar novamente o meu cérebro e o meu espírito para junto do meu corpo e poder reunir as minhas completas faculdades e lutar.
Por qualquer coisa...
Reduzi-me a nenhum objectivo porque ansiar é perder mas acabei por perceber que não ansiando, não sonhando, não querendo, perdemos mesmo aquilo que nunca tivemos e teremos nada do que nunca quisemos.
É tão estranho ter a compreensão de que não vou a lado nenhum, nem mesmo dentro de mim apenas com o medo de me perder...
Quero tanto estar comigo e compreender o que sou que acabei por escolher nada fazer porque dessa forma tinha a certeza que acabaria por me encontrar.
Mas a verdade é que ando às voltas, dentro de mim mesma, sem nunca sair do mesmo sítio.
Eu só queria romper com estas areias que me atam os tornozelos e acreditar que se saltar me liberto.
Gostava de ser o que digo ser e transformar em castelos as verbalizações que invento sempre a dizer: está tudo óptimo!
Está...
Está tudo bem dentro de mim e fora tambem.
Está tudo bem em todo o lado.
Está sempre tudo bem...
Mas a verdade é que eu continuo a sonhar apenas dentro de mim porque lá fora estou presa até aos tornozelos numa areia que nem sequer é funda para me prender.
Prendo-me, restringo-me porque o que tenho é medo de, ao sair daqui, ao dar o salto, me perca para um qualquer sítio...
Mesmo que seja bom. Que seja diferente... agora isto, eu já conheço.
E é por isso que continuo separada do meu cérebro e do meu espírito e deixo o corpo preso.
Não preciso de os ter juntos. Seria complicado conseguir reajustar-me a qualquer nova novidade e por isso deixo-me ficar onde estou.
O corpo preso, o cérebro fugido, o espírito sozinho...

9 – Abril – 2008

um bom início de conversa

Algo está errado...
Ainda há pouco tive um pensamento que me fugiu...
E era bom. Um bom início de conversa... mas fugiu...
Qualquer coisa que terminava em rima, ainda por cima!
Não que seja dada a versos. Não sou. Mas gosto quando uma frase que rima me soa bem!
Atrair as aversões e converter religiões...
Não, não queria dizer nada... foi uma rima que me passou!...
É engraçado brincar... nem que seja com as palavras!
Às vezes, como agora, escrevo só para escrever, porque me apetece ou porque apenas quero.

Dou espaços para trocar pensamentos e continuo a ser sempre eu!
Bolas... a frase...

Bolas o sempre eu!
Aqui a alienigena saiu do seu país de acolhimento e voltou depois para ele...
Foi uma viagem curta que afinal se tornou mais comprida que o esperado!...
Como faz sentido... seria assim e nunca de outra maneira.
Seria compreensivel e plausivel nenhum outro desenrrolar! Foi como deveria ser e correu, voou, nevou.
E sim, sim desta vez não foi apenas uma rima.
Foi uma viagem, fantasia, devaneio que acabou numa aventura inesperada mas mesmo assim visionada...
Sim que a mim, ninguem tira as visões de cristal... o brilho branco... da neve...
E pronto.
Queria escrever histórias que não as minhas, inventar, mas... porque disse eu que ia escrever algo?
Porque tentei fazer com que fossem coisas??
Pois... agora tens que continuar!
Mas posso à mesma introduzir histórias... talvez o faça nas minhas próximas invenções-tentativas de escrita.
A verdade é que consigo sempre contar o que penso que tambem é bastante inventivo!
Tentei e assumi que seriam coisas e assumo que faço sempre por isso.
Ligada à Terra e ao Universo, conectada e energizada.
Mas ainda assim desligada, alterada, alienada...
Sempre dispar, sempre ocupada com algum pensamento, sempre na tentativa de compreender, sempre a arranjar solução, sem nunca lá chegar...
Sim, porque se não sabemos para onde vamos nunca então saberemos quando lá chegarmos!
Aonde vamos?
Eu vou... ficar por aqui.
Ligada à Terra e ao Universo, conectada e energizada.

8 – Abril – 2008

vivo no medo de me perder... e acho que me perdi...

Desprovida de mim.
Quero despir a minha pele...
Despir a minha pele e poder ser outra coisa qualquer por uns momentos.
Fazer todas aquelas coisas que imagino sem intentar... dizer todas as coisas que nunca diria, ir onde nunca iria...
Fazer todas estas coisas apenas para poder experimentar não ser eu e ser outra coisa qualquer...
Já é um bocado o que faço contigo...
Dispo-me de mim mesma... e continuo a ser eu...
Que não há forma nem maneira de fugirmos de nós próprios nem mesmo se tivessemos o dom de apagar o passado o que és continuarás a ser...
Ultimamente a minha temática tem passado muito por mim.
Por aquilo que sou ou que não sou, aquilo que quereria ser e que não fui ou que não serei...
Ansiedade, procura... não encontro, não perco, não acho, não sei.
Não sei o que sinto, não sei se sinto alguma coisa mas dentro de mim algo diz que seria conveniente sentir... e afinal... eu... que sempre achei que se havia coisa constante eram os meus sentimentos dou por mim perdida sem sentir...
Quero sentir?
Sinto essa necessidade... mas sentir por necessidade... sem necessidade de sentir seja o que for...
Brinco com as palavras porque com as sensações não dá...
Algo que está vazio não é vácuo... nós é que não sabemos o que lá está...
Sinto-me como os cientistas da época renascentista... sei que há algo mas não o consigo ver, explicar e para mim, racional e tendencialmente explicativa (apesar de não saber respostas) dou por mim sem conseguir explicar... pior... sem conseguir ver...
Não vejo o que se passa... será que não se passa nada?
Será que foi desta?...
Vivo no medo de me perder...
Será que me terei encontrado e que de facto aqui não se sente nada?...
Será que o encontro com nós próprios é a ausência de sentimentos ou será que... pior... me desvio rápido de tudo e é aí que encontramos o limbo da incapacidade de sentir...
Ou... será que não sinto mesmo nada?
Será possível...?
Isso deixa-me... desprovida de mim... do que eu sempre achei que seria eu... coerentemente incoerente e cheia de sentimentos estranhos, dispares... e agora... não sinto nada...
Ou sinto mas estrangulei a minha sensibilidade?
Ou sinto mas controlo-me e dou por mim a ser igual a todos aqueles que desprezo?
Que coisa...
Encontro-me perdida e perco-me quando acho que estou a encontrar...
Se por um lado posso acreditar que castrei a minha sensibilidade (sempre prefiro essa explicação à outra em que de facto não sinto nada) e se foi esse o meu objectivo atrás, por outro... sinto-me despida de mim sem chegar a atingir o objectivo de poder ser outra qualquer coisa...
Bolas... foi preciso isto para compreender que o sentir é importante...
Tenho pena... tenho tanta pena... tenho pena de me ter controlado e de por isso ter-me perdido...
Ou a ti...
ou a nós... ou... aquilo que eu poderia ter sido quando me despisse de mim e não sendo eu poderia arriscar sem depois ter que sofrer ou lidar com as consequências...
Tenho um enorme pesar por não ter arriscado e ter vivido a nossa aventura sem qualquer ânimo...
Desculpa.Nunca foi minha intenção...
E agora?... agora tenho medo... de arriscar continuar a sentir coisa nenhuma mas mesmo assim insistir...
Será que ainda vamos a tempo?
De salvar o que eu não sinto?
Lindo... fazer um salvamento imaginário de algo que não existe...! será criar?
e... e... e se... e se por outro lado... tu sentes?
Será que se sentires eu desbloquearei os meus sentidos?
Ou será que eles não existem mesmo?
Não sei o que te hei-de dizer... não queria, não quis nunca criar um Mundo imaginário para ti mas... ao cria-lo para mim acabei por transpo-lo a ti...
É tão complicado ser eu... desculpa...
Nunca quis nem quero complicar-te...

5 Março 2008

falar do quê?

quanto mais penso no que quero dizer mais me apercebo que não há nada que queira falar...
falar do quê e para quê?
o mais importante não é aquilo que se diz...
aliás normalmente o que se diz nem está realmente associado ao que se pensa...
é tão linda esta incoerência!
mais... se formos a pensar bem, nós nunca dizemos exactamente aquilo que queremo... quer dizer... eu digo mas... eu tambem não sou exemplo para ninguem!
se não digo nada, é porque efectivamente não quero falar nada.
não procuro nem me escondo.
estou aqui e isso é suficiente!
o mais importante não é o que se diz. são as coisas que se fazem e a a maneira como as deixas acontecer. eu deixo acontecer sem qualquer tentativa de explicação ou justificação...
acho mais coerente com o que penso que, na verdade, tambem não tem explicação nem tem que ter.se me perguntarem? eu respondo.
terei que raciocionar sobre a pergunta a fim de lhe dar uma resposta e, por vezes, nem a resposta poderei dar porque se eu não a tenho!...

4 – Março – 2008

quero gente Real!

Faz mais de um ano... quando eu disse pela primeira vez e assumi que seriam coisas...
É verdade... tenho feito um esforço para continuar a serem coisas e cada vez mais...
E hoje decido partilhar convosco a minha visão da vida...
Quem me conhece ou me quis conhecer (sim porque há muita gente que apenas me quis... não querendo conhecer... acabou por ser enganado... porque a mim só tem quem me quer conhecendo... eu sou outra e não aquela que pareco... digo-o bem humorada, sem qualquer dor. Assumi e aceitei que sou várias...) já ouviu este meu devaneio...

Lembro-me de um dia ter, a meio de uma qualquer conversa banal, introduzido o conceito de 'tanismo' a alguem me não conhecia que me quis conhecer...
O 'Tanismo'... essa filosofia de vida onde todos podemos ser exactamente como somos ou ainda diferentes... aceitamos todos e qualquer um desde que o sentimento seja humano e honesto.
Quero lá saber de dissimulados, controlados, humanizados!
Quero gente real!
Que sinta, que fira, que esfole, que grite... que tenha emoções e as extravaze!
É necessário e obrigatório extrapolar, atirar ao espaço, cair e voltar a fazer isso tudo outra vez!

Não há experiência mais alucinante do que a de estar vivo e poder saber que as coisas não são estanques... estão em constante movimento e alteração voltando sempre ao mesmo... a ti.
Cada vez mais tenho enorme dificuldade em aceitar as pessoas que se controlam... será que não sabem que não vão ter uma segunda oportunidade de serem elas?!??
O que será mais valioso? Sermos nós e fazermos e o que nos dá na real gana ou... sermos o que achamos que devemos ser e sentirmos aquela coisa estranha de quem está a representar mas não tem aptidão nenhuma para isso?
Gostas de te sentir aceite??
Normal??
Pois eu não!
Gosto de não ter qualquer intenção em ser normal.
Às vezes é aborrecido... mas... quando me olho para mim mesma vejo que sou real.
Mas quando me sinto viva tenho a certeza que estou a fazer as coisas como devia ser.
Eu grito, mordo, magoo, adoro, amo as vezes que forem precisas! E ninguem tem nada a ver com isso!!
E, se queres a minha sincera opinião, devias fazer igual...
De que vale controlar? Querer saber, querer distinguir... Quero gente real!!
Gente que saiba que a vida é boa e é má... que as nossas vidas poderão ser comparadas com rectas no espaço. Que cada um de nós tem o seu espaço e que as nossas rectas apenas por vezes, breves momentos, se cruzam.
E que devemos aproveiar o momento em que elas se cruzam...
Devemos, tal como as cadeias de ADN, fazer crossing over e deixar que um pouco do outro entre em nós.
É disso que se trata!
Ser vivo.
Sentir, chorar, rir, cantar, dançar, correr, cansar, dormir... tudo!
Tudo faz parte e devemos aceita-lo e mais do que isso amar o momento...
Acreditar que nada é mau. É experiência!!
Estou farta de aceitar que os outros sejam dissimulados e fingir que não percebo... estou farta de os aceitar perto de mim e, mais ainda, estou farta de achar que os devo alertar!
Ahhhh...Que se lixe!... cada um que faça como quer que eu vou continuar a fazer como faço.
Quero lá saber de dissimulados, controlados, humanizados!
Quero gente real!
Que faça sentir, que faça por ferir, que se deixe esfolar, que faça gritar... que queira criar emoções e as deixe extravazar em si e nos outros!
É imprescindivel que deixemos seguir o curso dos nossos rios e mais ainda que consigamos atirar fora aquilo que sentimos...
Bolas!
Pensem comigo... se não fosse para exteriorizar... porque sentiriamos????
É necessário e obrigatório extrapolar, atirar ao espaço, cair e voltar a fazer isso tudo outra vez!

E eu assumo: gosto e continuarei, apesar de por vezes quase cair na tentação do facilitismo, a ser eu...
Seguidora do 'Tanismo'.

28 – Fevereiro – 2008

tomorrow becomes necessary when we do not see very clearly today...

Precisamos sempre do amanhã.
É amanhã que as coisas serão exactamente como sonhamos...
É amanhã...
Só temos que acreditar ser possível.
Acreditar e aceitar que a vida é como é e que somos como somos e que nada vai mudar.Apenas aquilo que queremos é possível.
Encontrar-mo-nos, ver-mo-nos e aceitar-mo-nos.
Não temos que alterar nada.

Não nos cabe a nós essa decisão...
Cabe-nos sim aceitar as coisas como elas são e andar para a frente com elas...
Foi o que fiz em relação a ti...
Gostei muito de ti... muito... custou-me perder-te mas acho que aquilo que ainda me custa é aceitar que já não gosto de ti... que não tenho neste momento qualquer objecto de 'amor'...
Custa-me aceitar que o que sentimos muda e ainda mais custa-me reencontrar o meu lugar.
Às vezes acho-me deslocada e outras, tenho a certeza...
Sou.
Sou deslocada e assim serei sempre.
Tento moldar-me ao que será 'normal'... um erro que devo deixar de cometer...
Tento fingir que sei onde estou e para onde vou...Tento aceitar que sei o que é estar aqui.Mas não sei...

Apenas sei que o estar aqui agora é único e que é este momento que devo aproveitar.
O amanhã apenas vem quando o agora é aceite caso contrário será apenas mais um momento.
Não temos que ser nada.
Apenas nós próprios.
Não temos que ansiar nada... apenas devemos viver o agora.
Para quê planos futuros?
Para quê acreditar que moldamos aquilo que existirá fora de nós?
Não interessa nem é justo.
O Mundo não se deixa manipular e ainda bem.
Pensa e age por si próprio e por isso acredito que devemos ser iguais a ele.
Pensar e agir por nós próprios.
Seguir o caminho que acreditamos apenas gostando do agora.
E o agora é tão precioso... é o que temos.
Digo e encho-me de vaidade para dizer que devemos fazer o que queremos e que só devemos arrepender-nos do que não fizemos, testámos...
Mas na realidade sou igual a todos... a todos os que como eu, acreditam e aceitam o agora como a verdade absoluta mas que nada fazem para que o agora seja exactamente aquilo que queremos.
Se eu fosse diferente... seu eu fosse diferente as coisas seriam iguais...

Eu. Eu seria diferente... mas... se fosse eu diferente não seria o 'eu'... seria outro 'eu' que talvez não fosse o que sou.
Orgulho-me do que sou.

Posso, como anteriormente disse, não amar quem sou mas isso é apenas por uma fraqueza de acreditar no agora.
Olho para mim, agora.
Olho para mim e vejo o que sou.
Sou aquilo que quis ser.Sou como achei que iria ser. Atingi aquele ponto onde para trás não há mais nada e para a frente virá apenas... o amanhã...
E eu preciso do amanhã porque amanhã será mais um momento onde poderei continuar a ser eu, como sou e posso tambem mudar-me, se assim achar que devo.
Estou. Estou assustada. Estou assustada por ver que eu me posso moldar ao amanhã e ao agora como queira. É complicado saber que podemos ser e fazer o que quisermos... é mais complicado isso do que seguir as pisadas do resto.
Sou. Sou diferente de todos os que são iguais a mim porque sou eu.
E ninguem pode nunca ser eu.Nunca...E essa é a maior e melhor experiência que posso fazer.
Experimentar apenas ser eu.
E gozar. Gozar os meus defeitos. Gosto mais de gozar os meus defeitos do que propriamente as minhas (eventuais) qualidades...

Andar nos mocassins do outro indio?
Apenas quando me for pedido!...
E sabem que mais?
Vamos curtindo e gozando os nossos 'eus'!
Vamos vendo o que os outros 'eus' fazem a si próprios apenas como quem vê um filme...
Não tem nada a ver connosco.
Nada.
Nós seremos sempre o 'eu'.
Acho que estou a ficar demasiado concentrada na comunidade lá fora e pouco demais na comunidade aqui dentro.
Os meus vários e dispares 'eus'...
Que são tantos...
Já um dia se escreveu 'porque eu sou outra e não aquela que pareço' e eu tenho-o no sangue.
Por mais que queira fugir sou o resultado de duas coisas bem diferentes...
A guerra e o sonho... D'um lado sinto-me na obrigação de viver a realidade, de combater a vida e por outro... apenas queria poder sentar-me e ver passar as coisas... ficar cá dentro e sentir que a vida é maravilhosa... que as coisas acontecem da exacta maneira que devem acontecer para que sejamos cada vez mais apurados dentro de nós...
E agora? E agora?... O que faço? Luto? Ou Sonho?... ou sonho que luto? Ou luto a sonhar?...
Que raio de sorte!...Quem diria... quem diria que seria necessário estas junções de dois sangues para fazerem de mim aquilo que 'eu' sou...
Vou. Vou aceitar-me como sempre me aceitei. Vou. Vou lutar mas não contra nada nem contra mim... apenas contra a falta de sonhos!...
Vou lutar para que todos possamos sonhar e fazer o amanhã possível.Quero ver todos nós felizes e realizados.
Quero um Mundo onde amanhã seja ainda melhor que hoje mas onde o agora seja bem mais importante que tudo o resto.Amanhã?... Amanhã posso morrer. Acabar a minha existência neste plano e deixar de ser a energia que sou... Mas agora? No exacto momento do agora... sou eu.
E isso chega.
E é bom.
Precisamos sempre do amanhã.
É amanhã que as coisas serão exactamente como sonhamos...
É amanhã que as coisas serão exactamente como lutamos...
É amanhã...

20 – Fevereiro – 2008

abstrair-me de dentro de mim

Perdi-me, encontrei-me, voltei-me a perder...
Acabo por não saber onde estou porque quando acho que me vejo afinal não sou eu...
Ou se sou eu estou fora de mim...
Sou duas, três, quatro ou mesmo um milhão...
Não sei as minhas origens nem os meus objectivos...
Vou andando e às vezes as coisas correm bem... outras... nem dou conta do que se passou e quando reparo... já tudo é diferente...
Sou avessa à mudança... mas gosto de aventuras...
Preparo-me hoje para me lançar na maior aventura da minha vida e quero acreditar que esta vai ser a oportunidade de que estava à espera...
Sei perfeitamente bem que não será assim que resolverei a minha eterna dualidade mas espero manter-me ocupada e esgotada a tal ponto que o meu cérebro nem capaz seja de pensar...

Anseio sem querer e vou assim matando aos poucos a paz que poderia alcancar...
Se eu pudesse pedir algo, pedia que os meus sentimentos fossem menos aguçados...
Pedia para ser um bocadinho menos 'sensivelzinha'...
Queria poder abstrair-me de dentro de mim...
Temos sempre que nos explicar... que arranjar uma justificação...
Eu não tenho nenhuma...

Gostava de poder garantir que o meu novo 'eu' está já intrínseco em mim e que por isso nada mais me vai conseguir desviar de mim mas sei que não sou assim tão forte.
Sei que não me amo o suficiente para isso... e porquê? Não sei... tenho a ideia idiota de que não mereço ser amada por mim... que não fiz por mim o suficiente para me poder admirar... sinto que... demasiada coisa... sem explicação, sem controlo, sem força para contrariar...
Limito-me e concentro-me nas coisas que posso controlar...
Quero limitar-me e concentrar-me nas coisas que posso controlar.Quero poder sentir que controlo... para poder acreditar que consigo qualquer coisa...
Para poder acreditar, um dia, que eu sou especial para alguem, para mim...
Não sou especial coisa nenhuma... e muito menos para mim...
E quando acho que alguem me sente de forma especial... tambem me minto... ou... nem sei...

Não foi rever-te que me magou...
Foi saber que não sou especial...
Que nunca fui especial da maneira que... até achei que merecia... houve uma altura em que acreditei... e custa tanto, tanto... custa horrores descobrir que não... que nunca fui especial...
Depois encontrei-te... e por momentos pensei que podia fazer de conta que tudo ia correr bem...
Que as coisas iam ser simples, sem complicações, sem sentimentos conturbados nem ninguem a controlar as emoções...
Mas depois... tu controlas, eu controlo e as coisas nem chegam a correr porque o passo controlado, o meu cérebro ligado ao neuro-bloqueador, as tuas análises sobre ti mesmo e a tua incapacidade de deixar correr aceitanto e querendo... e o teu reaparecimento fizeram-me sentir mais uma vez que as coisas não estão bem e que eu não consigo aceitar e que eu não me amo...
Quando tudo o que eu queria era apenas que os meus sentimentos fossem menos aguçados descobri que afinal preferia tambem que os teus assim fossem tambem...
Somos muitos nesta história... somos muitos mas eu nem sequer cá estou...
Não sei o que quero, nem me sinto enraizada para o poder saber...
Honestamente... nem sei se me sinto...
Hoje pelo menos, e apesar de tudo correr conforme esperado, with no alarms and no surprises, eu preferia poder sentir-me especial... mesmo sob o risco de me magoar mais uma vez... mas pelo menos assim eu conseguiria resolver o nosso assunto de vez...
Sou. Sou fraca. Sou. Sei que sou. Admito que sou. E não sou menos que qualquer outro ser humano. Não sou. Não sou...
Às vezes só queria que os meus sentimentos fossem menos aguçados e que alguem me desse força.
Queria deixar de lutar sozinha... queria deixar de ter que ser forte sozinha.
Queria que os meus sentimentos fossem menos aguçados e que alguem me desse a mão.
Queria...
Quis...
Nunca foi...
Tanto tempo... Tanto tanto tempo...
E afinal... eu sempre fui sozinha...
Como estou.
Como sempre...
Como sempre...

17 – Fevereiro – 2008

achas piada não achas?

Se há coisa que me tira do sério é quando as coisas não me correm de feição...
Detesto ser contrariada...
É como se fosse uma afronta...
Accionar o meu modo-detestavel não é bom... nunca é bom... mas há sempre uns e outros que insistem em faze-lo...

Nem sei bem porque...
Deve ser apenas desconhecimento...
Porque se soubesses não o fazias...

Acredita que eu sei ser muito desagradavel...
Já o sabes...
Mas atenção que isto pode piorar!...
Cuidado... cuidado comigo...
Accionas o meu lado avesso e está tudo estragado...
Porque o fazes?
É alguma diversão faze-lo?
Já sabes que não devias... não deves... se não sabes... então aprende!...
Pára já de o fazer ou as coisas vão-se complicar. Demais... e nem tu nem eu vamos gostar...
A sério... ouve o que eu te digo... não queiras estragar o meu humor...

Se achas que sou complicada, esquesita ou até mesmo amalucada... não me queiras de mau humor...
Sou pior ainda... consigo ser algo que nem sou... má.
Alem disso estraga-me... a sério que estraga...
Só não percebo porque achas tanta piada em faze-lo...

Achas piada não achas???
Deves achar...
Deve ser por isso que puxas pelo meu mau humor...
Não o faças, a sério...

Depois de reflectir sobre o dito consigo dizer: não vai ser bom...

3 – Fevereiro – 2008

encruzilhadas que desembocam sempre no mesmo sítio

às vezes fazemos as coisas que queremos...
ou que achamos que queremos... ou que queremos mesmo mas não sabiamos ou que queriamos, que fossem de outra maneira.
A mesma coisa... mas de outra maneira...

Tantas maneiras... tantas formas tantos sentidos, sentimentos...
Encruzilhadas que desembocam sempre no mesmo sítio e para onde voltamos mesmo sem querer, propositadamente....
Colocamo-nos à prova.
Nós próprios contra nós mesmos. E a vitória, é certo, será de ninguem.
Testamos os nossos limites para nos conhecermos ou porque pura e simplesmente não sabiamos ser ali o nosso limite...
Tentamos a todo o custo ver onde estamos, situarmo-nos, substantivarmos sobre o assunto que a ninguem diz respeito e que resposta nenhuma tem.
Compreendemos, analisamos, retiramos conclusões tudo porque não conseguimos aceitar que no fundo nada faz sentido ou será para ter sentido.
As coisas são.
E é essa nossa falta de aceitação sobre as coisas que nos faz querer que tudo tem um sentido ou para um caminho caminha...
O nosso erro é a verbalização.

O meu erro...
A verbalização...
Não obrigatoriamente no sentido falado mas no pensado e, pior, no sentido...
Emoções exteriorizadas... é o meu erro...
Apenas porque essas emoções são retiradas não pelo nosso sentido no momento mas sim porque depois do momento substantivamos, verbalizamos, fraseamos o que sentimos mas eu tenho a certeza que isso não pode estar certo...
O que sentimos, aqui, bem dentro de nós e onde sozinhamos estamos é inexplicavel e inquantificavel.
Inquantificavel...Não o podemos medir, classificar ou estudar matematicamente mas o meu erro é, por vezes, acreditar que o consigo fazer. E quando acredito acho que sou capaz de domar-me.
Eu... lindo... como se eu fosse capaz de sequer me compreender!...
E aos outros... a ninguem... não compreendo nada.
Às vezes sinto como se estivesse ainda mais sozinha... como se de facto fossemos mesmo os seres unos que eu digo sermos mas que acredito, no fundo (no fundo mesmo naquele sítio que negamos) que ninguem está sozinho...

Como é que é possível pensarmos de duas formas?
Simples... vivendo... é vivendo que isso acontece...
Pensamos que sabemos tudo e compreendemos que não sabemos nada...
Vemos tudo mas nem sequer nos damos ao trabalho de olhar.
E eu... eu é que estou mal... errada? Não sei... não sei... não sei nada...
E isso é desesperante... irritante... tantas confusões de emoções e situações apenas no mesmo sítio... dentro de mim...

Lembro-me que dentro de mim já choveu, um dia...
E lembro-me que eu nunca mais fui diferente...
Nunca mais fui 'eu'... Até achar que o podia voltar a ser...
E dentro de mim choveu... outra vez.

27 – Janeiro – 2008

risos irónicos

Ai ai.....
Falta pouco...
Para nada!
E vai ser demais!...
Começar de novo, do nada, conforme Krishnamurti nos aconselha: 'um olhar novo todos os dias'
E vai ser mesmo bom...
Às vezes tenho tantas ideias e saem tão depressa que mal as consigo agarrar.
Ideias de coisa nenhuma e de coisas muito pensadas a não serem ditas.
Control.
(agora veio-me uma música à cabeça, daquelas que gosto imenso mas não sei o nome nem mais nada... 'keep control of me' ou qualquer coisa deste género. Lembro-me da Q porque ela sabe qual é...)
[acrescento à posteriori: já descobri a música e de quem é!]

E que, nestes breves momentos que me separam da barreira que eu própria criei... eu seja livre!!!
E, que daqui para frente, o seja sempre tambem!
Livre de ideias malucas (fora aquelas que são aconselhaveis!... aquelas... as do reset... na boa!) e de idiotices pegadas e infantis (sim porque isto vai ser a transformação! 'risos irónicos' e será que alguem acredita nisso aqui dentro???) vai ser a festa!

Aí penso em tudo o que ainda está para acontecer e tento, mais uma vez, esquecer tudo o que até aqui foi o 'normal' porque só assim posso criar um novo 'normal' e desta vez pode ser o que eu queira! Basta manter a consciência de que eu posso, a partir da 'tábua rasa' fazer o que eu quiser.
E vai ser a loucura!!!! Da boa, claro...
E então?? Perguntam-se vocês todos aí fechadinhos nas vossas vidinhas...
E então?!!!! VAMOS EMBORA!...

The time is now.

E esta vai ser o início de uma grande Era para todos.
A Era em que nos vamos encontrar a toda a hora e sempre que queiramos.
A Era em que tudo o que quisermos será possível.

E acho que está tudo dito, não?

21 – Janeiro – 2008
a todos os meus amigos

um medo infantil...

Pensei que te podia deixar em qualquer lado e nunca pensei que não ficasses por lá...
Achei que depois de te deixar lá já não me lembraria de ti...
Acreditei, mesmo, que se te guardasse bem longe e à tua volta fosse criando tapumes, te deixasses ficar escondido... nunca pensei que continuasses a viver...

Foi-me mais facil ver-te e fingir que não o tinha feito do que não te ver, sentir-te na penumbra, sempre que alguem apaga as luzes...
Doi mais quando não te vejo porque é o que sinto que te faz estar perto...
Rodeei-me de gente, barulho, luzes, azáfama porque sabia que assim estaria protegida mas tudo o que quero é poder estar em silêncio sem te sentir no escuro.
Esse é o pior pânico... daquilo que não vemos mas sentimos... está lá... esteve por tanto tempo adormecido mas algo (ou talvez eu mesma) trouxe-o à luz, para a minha escuridão...
Às vezes, muito frequentemente ultimamente, tenho um medo terrivel de não te conseguir deixar...
Tenho um pânico de te agarrar e de me agarrar...
Não quero... não quero mesmo... viver assim... a achar que és tu...
Não preciso disto... sou tão melhor sem ti, sem ter medo de te perder... sem ter medo de ficar, mais uma vez, sozinha...
Sou sozinha, e é disso que me tento mentalizar diariamente, ao minuto... é uma constante luta, sem descanso, sem poder, por um minuto sequer apenas, deixar-me sonhar de que não estou sozinha...
Se há coisa que aprendi (contigo) e que quero continuar a aprender (sem ti), é que somos unos.
Eu sou única e nunca haverá ninguem que possa ser eu comigo... mas é aí que eu tenho um pavor infantil, inexplicavel, de que isso seja mentira e que afinal eu tenha ficado agarrada a ti.

Sei perfeitamente que a minha liberdade é meramente ilusória... sei perfeitamente que a criei para poder continuar a correr em frente e manter a minha imagem de 'mulher'... sei de tudo isto mas é tambem com isto que me tento convencer de que posso realizar esta ilusão.
Eu posso.
E eu que só quero, mesmo de olhos fechados, na penumbra ou escuridão, deixar-te escondido onde te guardei, perder a chave com que te fechei, e esquecer que algum dia por ali passei, às vezes tenho medo, um medo infantil, de nunca esquecer o que se passou e mesmo sabendo que não pertences ao meu mundo e daí já partiste não deixando nada para trás deixar, por detrás dos tapumes a ideia irreal de que me pertencerias...
Tu não sentes nada por mim.
Não podes nunca saber o que é sentir e eu sei perfeitamente bem disso.
Maldita a hora em que te associei sentimentos de um ser humano... maldita a hora em que acreditei que podias ser... humano... sinto-me uma perfeita idiota por algum dia ter acreditado em mim, por algum dia ter achado ser possível eu ser especial.
Não sou... não sou... não sou...
E tenho tanta pena, um medo infantil de parar de sonhar porque um dia mataste os meus sonhos... porque um dia deixei-me morrer às tuas mãos... tenho um tal pavor que me sinto solta da Terra por deixar sentir-me assim outra vez... tão pouco... importante...

e tudo porque para mim, ser importante, ser especial, passava por ser-te algo... como se algum dia tu pudesses sentir...

6 – Janeiro – 2008

autocarro?

Vê lá se não te perdes...
Com tanta volta...
Comprei um bloco.
Muito, muito giro...
E uma lapiseira de minas 2mm...
Uma daquelas lapiseiras borracha, das que eu nunca tive...
Comprei-o porque este Natal quis oferecer a mim mesma uma prenda útil para os meus objectivos.
Porquê??
Ora porque este conjunto tão atentamente escolhido visa possibilitar que a qualquer altura eu escreva, anote e guarde os meus pensamentos, os meus objectivos e com esta ajuda, assumi-los e atingi-los...
(já era altura...)
Agora só não quero é perder-me...
Nem andar às voltas...
É que acabo sempre a desviar-me... demais...
É bom podermos às vezes ir lá mas não convêm lá ficar ou achar que aquilo é real... sabemos que não é... é assim como uma novela... as personagens interpretam um papel mas na realidade não são nem sentem nada daquilo.
É daí que não me posso perder...
E, conhecendo-me como conheço... já sei que vou distrair-me e sair várias paragens à frente...
Melhor sair já e fazer o resto a pé...
Boa noite.

23 – Dezembro – 2007

como o vento ou o silêncio...

e o Mundo continua a girar...
em torno de coisa nenhuma...
os dias passam e cada novo dia é mesmo um dia novo...
as coisas acontecem a um ritmo cada vez mais rápido e a procura de mim mesma não abranda nem acelera... encontrei o motivo pelo qual isso acontece... ando à procura no sítio errado...
ideias que fui tendo e que não apontei tambem não ficaram gravadas na minha cabeça nem foram colocadas expostas, nuas, como vieram à Terra...
ideias de que amanhã é melhor.
De que somos parte de um todo maior...
sinto aquilo que sempre senti mas sinto-o como se fosse sempre algo novo... quero senti-lo como algo novo... como se aquilo que para trás foi em nada ajudasse à medição do hoje...
como o silêncio... o vento... e tantas outras coisas que sentimos mas não vemos...
em silêncio medem-se as palavras interiores... os pensamentos são silenciosamente barulhentos... a ausência deles, o vazio...
Aquilo para o qual estavamos preparados não é, de forma alguma, aquilo que nos é proporcionado mas... haverá assim algo de tão errado com sermos honestos com o que sentimos?
Será 'pecado'??
Hoje quero, isenta de qualquer outro pensamento antigo/retido, pensar nisso...
Pensar se ser e sentir é mau...
Não pode ser.
Não pode.
Não é.
Isenta de qualquer julgamento anterior e olhando objectivamente... não é.
Tentamos ser o que correctamente 'devemos' ser... seguir o caminho que para nós foi delineado mas a nossa condição humana é muito mais que isso!
Se é...
E são, estes desvios ao caminho que nos foi delimitado, que nos mostram a verdadeira essência da vida e o motivo pelo qual tão variadas vezes ouvimos dizer 'a vida não é fácil'...
A vida é feita de momentos complicados e decisões dificeis...
Mas são esses momentos e essas decisões que nos mostram que há sempre duas vidas...
Diferentes...
Não obrigatoriamente uma boa e a outra má!... Nada disso!...
Mas sim, diferentes...
Uma na qual somos aquilo que somos e outra na qual continuamos a seguir o caminho que tão escrupulosamente criamos/criaram para nós...
Um no qual estamos isentos de sentimentos de culpa, medos, erros...
Outro no qual temos que lidar com os nossos medos, erros e sentimentos de culpa...
Não é melhor não os ter... é bom consciencializarmo-nos de que eles existem, são reais... mas por outro lado esta outra vida no lado em que somos aquilo que queremos e agimos sem medo da nossa acção prejudicar alguem... porque se a nossa acção o faz... não é esse o objectivo.
O objectivo é tão somente permitir-mo-nos sermos nós próprios e daí retirar-mos um prazer infinitamente superior ao da nossa vida...
é necessário distingui-las!
É obrigatório separa-las e compreender que apesar dela existir é uma realidade paralela... nunca se misturará com a nossa real realidade...
Apenas porque assim deixaria de ser ela... e viver com ela é tão mais realizador...
Nunca me imagei... nunca pensei... nunca achei que fosse capaz de sobrepor a minha felicidade à de outros... nunca pensei...
mas depois descobri que, ser humano, verdadeiramente Humano, é exactamente isso... por vezes, refugiarmo-nos na nossa realidade paralela e lá viver os melhores momentos da nossa vida global...
Não posso dizer que o meu pensamento é sempre assim, claro, preciso, sem culpas... mas posso garantir que nada do que faço é pensado como sendo uma agressão...
E isso faz-me questionar: 'será pecado?'
Será mau ser egoista??
De acordo com os padrões de sociedade... sem dúvida que sim mas... se formos egoistas no nosso próprio mundo seremos ainda assim egoistas???...
Às vezes penso que qualquer coisa, seja ela boa ou independente de nós, poderá sempre prejudicar/magoar alguém... mesmo que não a conhecamos ou que não tenhamos qualquer 'culpa' dessa coisa...
Tudo é bom e mau ao mesmo tempo...
Poderá mesmo isto ser verdade?
Então se sim... porque não hei-de eu aproveitar as oportunidades que o caminho me oferece e, sem medos, sem culpas, sem erros...?
Não tenho, e já o disse, qualquer intenção de magoar ninguem...
Não tenho, e digo-o sem medos nem culpas, qualquer vontade de destruir ou modificar a vida de seja quem for mas... a verdade é que modificamos tudo a todo o momento que passa...
Qualquer força, inércia altera algo... mesmo quando nada fazemos... as coisas alteram-se...
Portanto porque sentirei eu esta quase-que-obrigação de não errar, não cometer injustiças...?
A única coisa que quero é ir sendo feliz... e não posso acreditar que ao ser feliz farei mal...
E se queres vir comigo ao meu Mundo paralelo...??
Que posso eu fazer?
Proibir-te?
Proteger-te?
Terei essa obrigação?
Pior.... terei eu esse direito????
Não quero amanhã acordar e pensar que errei... que não devia ter tentado controlar a tua vida quando o que eu queria mesmo era que o que ambos queremos aconteça...
Não quero ter medos, culpas mas acima de tudo não posso viver com a ideia de não ter aceite o que o Universo me estava a oferecer quando, ainda por cima, era querido por ambos e não tinha nada de mal... é tão somente... sentimentos...
Terei eu o direito de controlar a tua vida?
De controlar o que não fazes?
De não te deixar tentar?
De não me deixar aceitar? Viver?... Mesmo que com medos, erros, culpas...
A vida é feita de momentos complicados e decisões dificeis...
E eu... eu decidi que não é um erro... Apenas um desvio para a minha rota paralela... aquela que ninguem vê mas que nós sentimos... como o vento ou o silêncio...

18 – Dezembro – 2007

um insulto à minha inteligência

Um sem numero de coisas já foram...
E mais estarão para vir...
Os meus pensamentos estão em constante crescimento tal como eu...
Penso que podia dar um rumo e penso que o posso mudar...
Tenho pena que insultem a minha inteligência e mais pena tenho por, ao dar conta disso, compreender que o melhor é mesmo ignorar que o fazem...
Porquê?
Porque será que não aceitam que existe de facto uma sensibilidade capaz de compreender e ver aquilo que não é dito?
Preciso expelir aquilo que penso sobre determinada situação e acabo por me refrear porque sei que dar-lhe corpo é dar-lhe força...
Força que não deveria ser dada, força que me é tirada sem eu querer...
Penso demais e vejo demais... às vezes só queria poder fechar os olhos e a mente... conseguir abstrair-me de que estou, de que sou...
Eu sei que estou a ser incoerente com a minha necessidade de conhecimento...
Eu sei...
Mas há tanta coisa que eu sei que, se tudo fosse simples, preferia não saber...
Às vezes sinto que estou a equilibrar-me numa corda fictícia que eu criei... que afinal o que sinto ser real não o é... e fico feliz!!...
Os pensamentos que vou tento sobre ti, sobreviver à passagem do tempo, sem ti...
É-me simples... é-me tão simples esquecer-te... mas tu insistes em lembrar-me... insistes em querer fazer parte da minha vida quando sabemos perfeitamente que o que foi já o era.
Agora é tempo de agarrar as lembranças que destruimos e continuar...
Outro dia, enquanto pesquisava um outro sem número de coisas, encontrei-me com o Friedrich Nietzsche e o seu 'amor fati'...
Lembrei-me de nós...
Adicionei mais esse conceito ao meu ser... e vejo-o, constantemente, sempre que me lembro de ti... e de quem passou...
É facto de que isto que temos é aquilo que há... e ser insatisfeito... pode não ser solução...
Acho que Nietzsche tinha razão... 'love your fate which is in fact your life'.
É o único que temos... eu... e tu...
Cada um continua o seu caminho (eu como sempre meio desviado!) e seremos felizes apesar da parte que temos em conjunto estar infeliz...
Mas é a única forma... é a única solução para que a nossa parte conjunta seja feliz...
Incoerente... é verdade... mas sei que compreendes...
É o nosso destino e por isso deve ser amado.
Não há nada que eu gostasse mais do que conseguir ter de ti aquilo que quero de todos... compreensão... Entendimento... mas, para acabar ainda mais com o algo bonito que construí à tua volta fazes como os outros e insultas a minha inteligência...
Pensei que fosses diferente...
Mas, como qualquer outro 'ser' achas que aquilo que não se vê é invisivel...
Não é...
Lamento desapontar-te...
Como tenho vindo a fazer...
E tudo o que eu queria era que aceitasses que existe de facto uma sensibilidade capaz de compreender e ver aquilo que não é dito, uma sensibilidade que tu tiveste oportunidade de sentir...

24 – Outubro – 2007

Química

Tenho a consciência de que sou uma mistura química e que, como qualquer outra, preciso de estar em equilíbrio para ter as 'propriedades' da minha solução quando à temperatura ideal...
Pressão, concentração...
Tudo isto influencia...
E basta tão pouco para que haja ali um momento de adaptação...
Necessariamente alteração...
E o SER humano??
Ajuda.
Posso ter a consciência e usa-la para saber reatingir o equilíbrio novamente...
Como uma boa química, basta reajustar a equação!
Por isso é que eu gosto da Química...
Está em tudo!

10 – Outubro – 2007

reflexo do nosso outro Mundo...

Tentamos mudar por fora por ser complicada a mudança interior.
Achamos que a mudança externa se reflectirá no interior mas isso é irreal.
Verdadeira é a mudança que internamente tudo altera... até o exterior.
Casos de situações em que questionamos qual a correcta atitude a tomar...
Outras em que sabemos estar a agir contra o que sabemos ser real, criando um mundo ilusório de fantasias onde nos refugiamos... e como é bonito esse Mundo... tão mais aprazivel... tão mais apetecivel... e é, nesse Mundo, que passamos a viver... é mais simples... tão mais simples... por vezes até conseguimos transpor, desse Mundo, imagens tão fortes e verbalizações tão intensas que ele, por momentos, se reflecte no nosso verdadeiro mundo-real.

Não sei porque estou a pensar sobre isto...
Apenas porque sinto necessidade de pensar em algo...

Penso e escondo-me neste meu Mundo porque sei que no outro as coisas são sérias e os assuntos sobre os quais deveria mesmo reflectir tornam-se baços o que ajuda...
Perco-me em pensamentos inuteis e filosofais para que possa esconder o que sinto no meu mundo-real.

E como me sinto?? Tambem não sei... Teria que pensar e questionar-me a mim própria sobre esse assunto e, se neste momento escrevo e penso é com o objectivo focado de não ter tempo para esse raciocínio tão mais demolidor...

Já quis não ser eu... já quis ser mais eu... agora tento simplesmente ser, Eu.

E é dificil. Toda a interacção, todos os gestos e sensações que vou tendo são camuflados por trás de um lençol branco que me traz à ideia o recheio das casas em processo de venda... tapadas... tal como o meu pensamento.

A história está lá... é dita e contada por cada uma daquelas peças que ali adormecidas (e tapadas como que a esconde-las do resto da realidade) para quem a quiser ouvir... tal como eu...
E há alguem com sensibilidade suficiente para as ouvir?... não sei... espero que sim... pois se para elas existir algo que as compreenda haverá certamente alguem que me compreenderá.

Pensamos ser especiais.
Pensamos que nada afecta a nossa maneira de estar e que aventura em que vivemos é apenas reflexo do nosso outro Mundo...
Mas, as imagens tão fortes e verbalizações tão intensas que criamos passaram já para este mundo-real... é indissociavel de nós, agora... está intrinseco em cada uma das minhas células... está sub-reptício em cada um dos meus movimentos... está interiorizado em cada um dos meus pensamentos... 'auto-control'...

E acredito.
Acredita que acredito que a força do pensamento influencia a tua abordagem.
A força da verbalização, da racionalização...

E é por isso que escrevo... para não pensar e questionar-me a mim própria sobre esse assunto... aquele que não existe...
É complicada esta gestão... senão mesmo inexistente... a provar está o facto de pensar e questionar-me a mim própria sobre esse assunto incessantemente...

3 – Outubro – 2007

l’important ce n’est pas la chute, c’est l’atterrissage...

O mais importante não é a queda mas sim a aterragem e eu, conto aterrar de pé.
Tenho que aterrar de pé. É a única maneira que sei de fazer as coisas. Por mais que os pés quebrem até aos joelhos, será de pé. Não vai ser agora... Não podia ser agora.
Entre caminhos, palavras ditas, ouvidas, sussurradas, murmuradas, escritas, lidas não ditas...
O mais importante não é a queda... cair todos sabemos... o mais importante é como se aterra... e eu quero aterrar de pé.
Por mais que essa não seja a real aterragem nunca se saberá.
Levo comigo aquilo que não te disse e que senti. Dir-te-ei a ti... se calhar... se, por entre caminhos, palavras ditas, ouvidas, sussurradas, murmuradas, escritas, tas disser.
Sei que não precisaria de tas dizer. Se te ouvires, ouvir-me-ás a mim... a falar, baixinho... sussurrando que cairei de pé...

E a ti?

Ouço-te, acho... também como me ouves... também... a dizer que cais de pé... como eu... olho-me ao espelho e é a ti que vejo... ouço a minha queda, lenta (até parece que alguém domou o tempo) e sinto-me a cair... sei que a queda acaba e que só não já acabou porque alguém, talvez até tu, domou o tempo... e ele passa por todos, menos por nós... onde, para nós, alguém domou o tempo e este passa... devagar... tão devagar quanto o tempo que finjo ter demorado a ver-te... ainda hoje me convenço que não te vi. Que não olhei para ti e vi-me, como que ao espelho... às vezes ainda faço como se não acreditasse que te consigo ouvir... a falar, baixinho... a sussurrar que também tu cairás de pé.
Sabemos, perfeitamente, que não é verdade...
Nada mais será igual... porque o que interessa não é a queda mas sim a forma como se cai... e eu, se falo por mim, vejo-te igual, caí.
Não sei como, nem reparei, ou, olhando ao espelho para poder dizer que eras tu, justifiquei assim a minha própria queda.
Caí, e nem dei conta... e a mim que o que mais interessava era a forma como cairia... de pé...
E afinal?? (querem saber) Aterrei de pé?
Não sei... não dei conta... mas, se o mais importante é a forma como se cai, olhei para ti a ver como tinhas caído... caíste?? Não vi... não reparei... e por entre caminhos, palavras ditas, ouvidas, sussurradas, murmuradas, escritas, não ditas... fiquei à espera de que me conseguisses explicar como caí...
Olhei e vi... que afinal a queda que sempre pensei já ter acabado, ainda acontecia, a olhar o espelho via-te a ti no chão... sim porque tu caíste de pé.
Eu?? Vou ver ainda onde cairei mas, como o mais importante não é a queda mas sim a forma como se aterra, cairei de pé... por mais que os pés quebrem até aos joelhos, será de pé. Não vai ser agora... Não pode ser agora.
Sei que é isso que espero de mim e minha imagem ao espelho, tu, também. E eu, que quando olho ao espelho sou tu, aterrarei de pé.
Porque é isso que eu sou... o mais importante não é a queda, mas a forma como se aterra e, por ti que és eu no espelho, caio de pé.

25 – Setembro – 2007

processo de transição

ainda continuo em processo de transição.
Parece-me…
Voltei a trás. Não há dúvida…
Andei para trás não porque quis mas porque quis acreditar ser caminho.
Mas, como também e tão bem já sabia: para a frente é que é caminho.
O jardim pelo qual passei lá continua mas é agora já menos notado.
As coisas que revivi nos últimos dias fizeram-me lembrar o porquê de me ter desviado. De ti e deste meu caminho que nada tem a ver comigo.
Acredita que quis acreditar que as palavras que me dizias eram verdade mas eu sabia (e tu, certamente, também) que apenas eram as palavras que ambos queríamos que fossem verdade. Mas não o são.
Quero andar. Estou farta de estar parada em ti.
Estou farta de me sentir à espera.
De fazer tudo certo… mas parece que nada que faço está bem… porquê??
Sei que já to disseram e por isso não é certamente de mim, que contigo tem que se andar sempre em pezinhos de lã pois nunca se sabe quando vai o teu humor descontrolar-se… quando é que a paixão ultrapassa a barreira do racional?
O que raio se passa na tua cabeça???
Dizes que andavas perdido…
Andavas?!?!?
Posso certificar-te que apenas a tua motivação mudou.
Tu: estás igual. Igualzinho. Nem sei que te diga…
Enfim…
Já se sabe que nestas coisas de estar parado uns tempos influencia o raciocínio mas nunca esperei ser tão grave.
Tento seriamente não cair no erro de analisar demasiado a situação mas acabo por voltar lá sempre.
É como que a minha motivação. Compreender… imaginas como será?? Claro que não. Tu geres-te pelo oposto. E é por isso, apenas por este pequeno detalhe, que acho que entre nós nunca nada daria certo e que, por mais que quisesse acreditar naquelas lindas palavras que me disseste, sei que elas nunca passarão disso: umas lindas palavras que me disseste.
Hoje preferia ter ficado com elas.
Sempre me davam mais jeito neste instante…
Teria sido tudo perfeito e lindo e tu serias para sempre o meu amor…
Mas não… Nós preferimos arriscar e tirar à prova que essas lindas, lindas palavras eram apenas mais umas palavras tiradas de qualquer outra história que não, certamente, a nossa.
Sei que também querias acreditar… Haveria coisa mais bonita que este amor? Ultrapassou tudo, todos, o tempo… mas afinal… desculpa… mas isso também não é verdade…
Ele apenas passou por essas coisas todas, todos e o tempo… quanto a ultrapassa-los… não me parece. Talvez alguns… sim… talvez… mas todos??… Hoje tenho a certeza que não.
Quando é que o perdemos?
Ou melhor: quando é que ele seguiu o seu caminho e nós deixamos de o ver?
Isso talvez mo possas dizer melhor que eu… sempre fui distraída nessas coisas e, para ser honesta, achava sempre que ainda o via ali mesmo ao fundo do caminho.
Mas isso foi noutros tempos.
Não hoje.
Hoje vejo as coisas de outra maneira mas guardo e aproveito para te pedir que não as estragues, aquelas lindas palavras que me disseste.

9-Outubro-2006