entretanto...

Andei a ler muitas coisas que são igualmente estranhas como eu.
Estórias de pessoas que pensam como eu.
É sempre bom saber que não estamos sozinhos nos nossos pensamentos mesmo apesar de... só nós estarmos dentro de nós.

Pediram-me que mudasse.
Que deixasse de dar tanta importância, que deixasse de escrever com a «raiva» com que escrevo.
(foi mesmo assim que o chamaram...)
Talvez por isso durante muito tempo nada disse. Andei sozinha a pensar...
É, certamente possivel e verdadeiro, que as minhas escritas tivessem mais interesse se conseguisse inventar lindas estorias ou apenas meras estórias mas, como o disse « Pois um dia: serão coisas.
Assumido. Desde o dia em que o escrevi.»
E de facto, essas coisas, não deveriam ser... outras coisas...
Deveriam ser as minhas coisas, o meu legado a quem o quer ver a quem o poderá vir a ver...
Um Livro que contasse o que é ser eu, o que eu penso...
Egoismo ou egocentrismo?
Talvez sim... mas ainda mais que isso, vejo-o como um legado.
Para quem quiser...
Talvez mais tarde num outro Livro ou site eu me desmembre e possa criar um novo 5ecret5ystem onde se escrevam coisas bonitas ou feias mas inexistentes, inventadas.
Neste, aqui e agora, lamento...
Só me consigo debruçar sobre mim.
É um vazamento de alma...
Um escoamento de coisas que nem sempre são bonitas ou saudaveis...
Um bocadinho ao estilo miseravel das descargas poluentes... poluem cá fora mas... limpam dentro!...
(as minhas mais sinceras desculpas a todos os que estavam à espera de coisinhas mais agradaveis)

A ver... tambem nem sempre as coisas são assim tão feias...
Às vezes escrevo de amor... de paixão sempre! Escrevo sobre a alma, sobre a paz, sobre o céu e o mar sobre o que somos, o que sou, o que quero ser...
Sobre os meus amigos, sobre os meus desamores mas sempre (e isso é certo, garantido) sempre com a minha vontade.
Quero que, a quem tenha a ousadia de o ler, possa espelhar-se no que digo ou ver outros que como eu pensam.
Quero limpar a alma e esvazia-la para a poder encher outra vez.

Eu sei que é mais agradavel ler-me quando lentamente corro entre as linhas e não quando me debato contra mim mesma e contra os outros.
Tenho aprendido e espero poder ensina-lo, que o que é mais importante na vida, és tu para ti.
Não sou boa amiga, nem sequer boa companheira.
Sei.
Não sou bem nem sou mal.
Sou.
Talvez um dia eu consiga criar estórias... talvez sim.
Mas a minha imaginação é muito fraquinha. As unicas coisas que consigo fazer são análises.
Contar... não é comigo.
E é por isso que por cada coisa que escrevo dentro de mim sai algo para fora (nem sempre com este paralelismo pois escrevo muito e regurgito muito menos!) que nem sequer é pensado.
As coisas vêem e vão...
Como as ondas que atropelam a areia...
Nós enquanto estamos, somos sempre...
E as coisas vão e vêem...

Pensei em inventar a estória de uma rapariga que tem medo de si.
Depois apercebi-me que ela já existia (em mim).
Pensei em contar uma estória de uma menina que achava ser possivel um Mundo melhor.
Depois lembrei-me que já fui assim...
Tentei até, comecei dentro de mim a esboçar grande alarido, escrever o conto sobre alguem que era eternamente feliz.
Só depois me apercebi do desinteresse que isso teria!
É que, a bom ver, é o mau que faz com que o bom seja apreciado.
Se todos os dias fossemos felizes... e depois lembrei-me... que sou.
Sou feliz, completa e a minha incesante busca passa apenas por encontrar-me dentro de vocês.
E é essa a mais árdua tarefa porque não me sinto convosco.
Sinto-me em mim.
Entretanto...
Seremos todos assim?

6-janeiro-2009