posso escrever?

às vezes quero escrever e não tenho onde.
tenho pensamentos soltos que prometi que iria libertando mas muitas, tantas vezes, não o faço.
e perdem-se... esses pensamentos.
frases bonitas ou muito trabalhadas, até raciocinadas mas quando tentadas.... (ai, falta-me a palavra, às vezes acontece... penso mais rápido do que consigo escrever e lá vão elas, outra vez, as ideias e pensamentos, a fugir, as malandras!...)
quando tentadas.... explicar.

humpf, apeteceu-me pôr.
explicar pensamentos, ideias que não passam de sensações ou de... visões.
quero escrever melhor, quero explicar-me melhor, ou apenas compreender-me e não ter que explicar nada.
mas acima de tudo quero escrever melhor e, para isso, vai ser necessário continuar a escrever estas palavras repetidas repetidamente até à exaustão.
porque um dia eu prometi que seriam coisas e não é só isto que te quero deixar.
Já estamos fartos de estar neste prisma.
Vamos rodar a coisa e ver o que se vê.
Tentar, mais uma vez, aceitar que devemos querer o que quisermos, nunca querendo mal a ninguem, tentando explicar que...

humpf, sorri ironicamente outra vez.
lá estou eu a querer 'explicar', novamente e incessantemente...
eu quero escrever!

larguemos, por vezes, as velas aos nossos barcos...
Navegámos sempre em melhores ventos... e que chegamos.

25-Setembro-2009
«Galante conquistador, dispersando o pólen das flores, o vento faz uma boda universal»

não estou mais sábia...

Certamente já te aconteceu estares naqueles dias em que uma grande tempestade começa e... com ela o teu dia.
Há tanta coisa fora do lugar, que podia e devia ser arranjada...
É só preciso é ter força e conseguir escolher o caminho certo. E eu disse certo, não disse fácil. É que é normalmente o fácil que escolhemos porque exactamente... é mais fácil.

Facilita a ti, a mim e aos outros todos que estão envolvidos em nós mas o meu grande receio é que este não seja o nosso caminho.
Tentamos com demasiada força ou nem tentámos?
Vejo as coisas a fugirem ao nosso controlo e o nosso descontrolo a ser cada vez mais desmedido.
Vejo-te a fugir das minhas responsabilidades não querendo partilhar o fardo e, compreendo. É claro que compreendo mas... não é isso que quero.

Estou farta de quem foge, de quem não conversa, de quem não quer entender, de quem acha que eu forço, que se afasta porque as coisas não são simples e porque de facto na minha montanha-russa constante as nauseas são mais que muitas.
Aceito perfeitamente que não as queiras viver comigo mas tambem não te deveria mentir e dizer que as coisas vão melhorar quando... não acredito.
Às vezes tambem tenho os meus momentos em que me sinto perdida, acho que nada faço aqui, não percebo o meu objectivo, não sinto a minha âncora e mais até, tenho mesmo mesmo vontade é de largar amarras e deixar-me ir.
Às vezes... apetece-me gritar.
Gritar contigo porque não queres fazer um esforço e comigo porque espero sempre que as pessoas façam um esforço.

Na geração do facilitismo... ninguem se esforça.
Nascemos com destino traçado («vais crescer, estudar, ir para a faculdade, acabar o teu curso») e perdemos o rumo pois depois das ditas premissas serem cumpridas ficamos no vácuo e sabemos que o resto já está ditado (que vida miseravelmente controlada a nossa) e que assim dizem as-regras-da-vida: «arranjar alguem, casar, ter filhos, cria-los e morrer».

Ora que eu não sei se quero isto.
Alias, tão cedo me desviei do caminho para mim traçado que muito cedo tambem percebi que estava lixada.
É que sem linhas orientadoras e sem ninguem que compreenda a direcção que queres tomar... já se sabe... todos te caem em cima e a tua forma de estar é errada.
Sempre estive errada.
E continuo a estar...
É claro que a minha imensa necessidade de fugir disto e a minha âncora-há-muito-desaparecida tem a ver com esta minha perdição.
(«Tu estás perdida! Ainda vais chorar lágrimas de sangue...»)

É verdade... Assumo, ok. Estou perdida.
E pior que isso é nem sequer saber para onde vou!!
Ah pois! que maior problema do que não se saber onde se está é nem sequer ter uma pista do para onde vamos ou queremos e eu... eu não faço ideia para onde quero ir.

Pensando honestamente no assunto...
É muito simples.
Ora, primeiro queria que fossemos capazes de, em vez de estar a criticar os outros... conseguissemos perceber.
É que, bolas!! há limites não achas?
Todos sabemos que andar por aqui não é fácil mas tambem ninguem tem que se impor.
Eu imponho-me?? É verdade, olha... Imponho... E agora?
Se eu não tenho direcção ao menos que tenha personalidade.
É assim que me imponho ao espaço que ocupo neste Universo.
E consegues compreender?
Talvez... mas como óbvio temos todos muito medo.
Nem sabemos bem do quê... talvez só mesmo das pessoas como eu que não ouviram a voz-da-razão nem seguiram o caminho traçado e que andam pelo Mundo sem saberem o que andam a fazer.
Pois... e até eu sou afectada por esse medo de mim própria e da minha incapacidade em aceitar as regras do Mundo.
Pois que tinha que ser mais domável, tinha que aceitar, tinha que agachar tal como queriam os nossos perceptores que agachessemos perante o nosso destino traçado (e que bem traçado! conheço muita gente muito feliz apenas porque andou na «linha»).
Convinha tambem não ter tanta força de opinião nem tanta opinião de força.
É que já sabe... quando não consegues opinar de acordo com o que se quer de ti... há chatice! («Tu estás perdida! Ainda vais chorar lágrimas de sangue...»)

Sempre foi assim... sempre ouvi de fora e dentro da minha cabeça que um dia choraria lágrimas de sangue apenas porque não fiz o que me estava destinado.
E hoje choro.
Choro porque não consegui romper com nada do que me estava destinado, apenas com o caminho.
Não acredito que o destino esteja logo traçado mas sim que há muitos caminhos e eu, sempre quis fugir do principal pois nele as coisas eram-me impostas. Em tudo. Tudo era imposto, nada era escolhido, tudo era redutor, nada me fazia crescer.
Por momentos, perdida, achei que estava certa e agora, completamente curada da cegueira da fuga, vejo que apenas corri mais rápido a ser aquilo que os outros queriam.
Não estou mais sábia. Apenas mais velha e capaz de ver as coisas.

E sabes o que vejo?
Vejo que nestas correrias de não perder o Mundo mas viver a minha vida, voltei a deixar-me domar fazendo de conta que nada disso acontecia e estive prestes a marcar passo no destino que não tem nada a ver comigo.
É que de facto, eu sou daqueles que estão aqui, apenas a serem diferentes, para que vocês que percorrem o caminho certinho-direitinho (esquerda, direira... esquerda, direita... sempre a bom ritmo!) possam olhar e ver o que não se faz.
Sirvo de exemplo para quem está a entrar no mundo das escolhas possa olhar para mim e pensar «não vou fazer como ela» e afinal, que tudo aquilo que eu queria era mostrar que às vezes vale a pena sermos nós próprios e tentarmos andar com as nossas forças, não vale mais que um exemplo.

Pelo menos eu sirvo de exemplo.
Ao que é impositivo, ao que não se coaduna com a felicidade-mundana que eu nunca quis.
Não quero e continuarei a tentar ter forças para não ter.
E se choro não são as lágrimas de sangue pelo querer ser diferente mas sim porque no fundo... queria ser aceite.

Começa por conhecer-me e aceitar que sou diferente de ti.
Com muito orgulho.

9-Setembro-2009
«quando se persiste em seguir o caminho que a nada conduz, é que se estima esse caminho pelo que vale»