e tudo continuará a ser tão simples...

Levo uma vida simples.
E gosto.
Gosto da simplicidade das coisas, gosto de me sentir presa à liberdade, de estar sozinha, acompanhada, mas principalmente gosto de sentir que estou ligada, desperta e atenta.
Gosto de acreditar que o Ceu e a Terra estão unidos, gosto de aceitar as ofertas que me são trazidas pelo Universo e acima de tudo gosto de conseguir assumir que tudo faz parte.
Adoro sentir o vento na cara, ouvir os passarinhos a cantar (principalmente os papagaios anões...) de os ver a voar por cima de mim, sentir o Sol, a Chuva, ouvir o som da Luz...
Gosto de aceitar que sou um Ser único e que este momento é, tambem ele, único e irrepetivel.
Levo uma vida simples, vivo e acordo, morro todos os dias um bocadinho e ainda assim sinto-me única.
Vejo as cores do Arco-Iris e saudo-o como se ele fosse meu amigo, mais compreensivel e companheiro que qualquer outro Ser semelhante a mim.
Sinto-me livre e gosto.
Sinto que me prendo ao que quero mas mais do que isso liberto o que amo porque a clausura querida é melhor que a oferecida.
Voo para longe de mim, volto e vejo-me de fora. E isso é tão bom.
Às vezes, raras mas preciosas, consigo até sentir o Amor que a Mãe Terra tem por mim e que o Pai Universo envia.
Às vezes, valiosas e pontuais, chego até a sentir-me especial.
E gosto. Muito...
É claro que a minha visão, a minha audição e sentido são sempre influenciados por o que me é externo mas é tão delicioso ser influenciado!
Quando as coisas são simples, curiosas, doces...
É assim que quero viver.
Simplesmente e sem pressas.
Sem dores, sem ódios nem raivas, sem medos...
Principalmente sem medos. Vivo no medo de ter medo e acabo a viver no medo porque se dele sair tudo poderá passar a amedrontar-me.
Tentei e acredito poder libertar-me, aceitar, andar, correr, voar!
Não vou continuar a prender-me nem a controlar-me, vou apenas tentar ser eu porque dessa forma vivo de forma simples e leve.
A leveza das coisas... que me puxam à Terra e me obrigam a cá ficar. E é tão bom...
Sou aquilo que sinto ser, e mesmo apesar dos meus receios e das minhas falhas posso garantir que as minhas intenções são as melhores.
Protego-me e sou brusca mas tambem isso faz parte de mim.
Fujo para não me agarrar, para não ter que te agarrar porque acho que se me quiseres agarrar conseguirás.
E ao mesmo tempo não vou longe. Deixo a cauda de fora, para poder ser vista e até, quem sabe, libertada das minhas clausuras.
Quero ir além sem nunca sair de mim e quero levar-me longe sempre no mesmo sítio.
Quero e continuarei, a levar a minha vida simples, sozinha com quem me quiser acompanhar, sem que percamos a nossa identidade pessoal pois é por ela que somos amados.
Adoro estar viva, sinto que esta é a única oportunidade que terei de experienciar o doce e o amargo e sei que tudo faz parte.
Quero agarrar este momento e senti-lo toda a vida mesmo sabendo que muitos outros momentos faltam mas o importante, o que quero mesmo, é conseguir, seja em que momento for, ver que este momento já existe.
É maravilhoso acordar com o som da minha felicidade, dormir ao som da minha paz e ver o Mundo como se o estivesse a olhar do pico mais alto onde já fui.
Visito dentro de mim lugares únicos e a eles voltarei sempre que quiser. Estão em mim.
Convido todos a aproveitarem este momento único e a visitarem-se, olhando para quem vos ama da mesma maneira com que olho para o Vento, o Sol, a Chuva, a minha vida, os passarinhos, sentido neles um Amor Incondicional de quem ama sem qualquer intenção de ser retribuido, apenas porque são nossos semelhantes, apenas porque neste momento partilhamos todos os mesmos momentos.
E a vida será tão simples e doce, maravilhosa, desapegada mas com raízes ao nosso ‘eu’ como uma árvore centenária.
E as nossas vidas continuarão a ser apeteciveis e a nossa companhia deliciosa, como os raios de Sol que me aquecem a pele enquanto ouço o chilrear animado desses seres que como nós voam. E tudo continuará a ser tão simples...

23 – Abril – 2008

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