vivo no medo de me perder... e acho que me perdi...

Desprovida de mim.
Quero despir a minha pele...
Despir a minha pele e poder ser outra coisa qualquer por uns momentos.
Fazer todas aquelas coisas que imagino sem intentar... dizer todas as coisas que nunca diria, ir onde nunca iria...
Fazer todas estas coisas apenas para poder experimentar não ser eu e ser outra coisa qualquer...
Já é um bocado o que faço contigo...
Dispo-me de mim mesma... e continuo a ser eu...
Que não há forma nem maneira de fugirmos de nós próprios nem mesmo se tivessemos o dom de apagar o passado o que és continuarás a ser...
Ultimamente a minha temática tem passado muito por mim.
Por aquilo que sou ou que não sou, aquilo que quereria ser e que não fui ou que não serei...
Ansiedade, procura... não encontro, não perco, não acho, não sei.
Não sei o que sinto, não sei se sinto alguma coisa mas dentro de mim algo diz que seria conveniente sentir... e afinal... eu... que sempre achei que se havia coisa constante eram os meus sentimentos dou por mim perdida sem sentir...
Quero sentir?
Sinto essa necessidade... mas sentir por necessidade... sem necessidade de sentir seja o que for...
Brinco com as palavras porque com as sensações não dá...
Algo que está vazio não é vácuo... nós é que não sabemos o que lá está...
Sinto-me como os cientistas da época renascentista... sei que há algo mas não o consigo ver, explicar e para mim, racional e tendencialmente explicativa (apesar de não saber respostas) dou por mim sem conseguir explicar... pior... sem conseguir ver...
Não vejo o que se passa... será que não se passa nada?
Será que foi desta?...
Vivo no medo de me perder...
Será que me terei encontrado e que de facto aqui não se sente nada?...
Será que o encontro com nós próprios é a ausência de sentimentos ou será que... pior... me desvio rápido de tudo e é aí que encontramos o limbo da incapacidade de sentir...
Ou... será que não sinto mesmo nada?
Será possível...?
Isso deixa-me... desprovida de mim... do que eu sempre achei que seria eu... coerentemente incoerente e cheia de sentimentos estranhos, dispares... e agora... não sinto nada...
Ou sinto mas estrangulei a minha sensibilidade?
Ou sinto mas controlo-me e dou por mim a ser igual a todos aqueles que desprezo?
Que coisa...
Encontro-me perdida e perco-me quando acho que estou a encontrar...
Se por um lado posso acreditar que castrei a minha sensibilidade (sempre prefiro essa explicação à outra em que de facto não sinto nada) e se foi esse o meu objectivo atrás, por outro... sinto-me despida de mim sem chegar a atingir o objectivo de poder ser outra qualquer coisa...
Bolas... foi preciso isto para compreender que o sentir é importante...
Tenho pena... tenho tanta pena... tenho pena de me ter controlado e de por isso ter-me perdido...
Ou a ti...
ou a nós... ou... aquilo que eu poderia ter sido quando me despisse de mim e não sendo eu poderia arriscar sem depois ter que sofrer ou lidar com as consequências...
Tenho um enorme pesar por não ter arriscado e ter vivido a nossa aventura sem qualquer ânimo...
Desculpa.Nunca foi minha intenção...
E agora?... agora tenho medo... de arriscar continuar a sentir coisa nenhuma mas mesmo assim insistir...
Será que ainda vamos a tempo?
De salvar o que eu não sinto?
Lindo... fazer um salvamento imaginário de algo que não existe...! será criar?
e... e... e se... e se por outro lado... tu sentes?
Será que se sentires eu desbloquearei os meus sentidos?
Ou será que eles não existem mesmo?
Não sei o que te hei-de dizer... não queria, não quis nunca criar um Mundo imaginário para ti mas... ao cria-lo para mim acabei por transpo-lo a ti...
É tão complicado ser eu... desculpa...
Nunca quis nem quero complicar-te...

5 Março 2008

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