queres ver o meu verdadeiro «Eu»?

A minha inspiração não é coerente com a minha disponibilidade...
Ontem estava de rastos... cansada...
Dei-te uma coisa que nem imaginas... e tu humildemente aceitaste e fizeste-me feliz.
Dei-te algo que não pensei dar a ninguem... a oportunidade de me veres. E quase, quase me mostrei!
Há coisas que sei que gostava de falar...
Porque não o faço?
Não quero a tua piedade nem a tua simpatia.
Só quero ser agradavel e não preciso que as minhas fraquezas (mais que muitas) nos interrompam...
Achas que conseguirias aceitar as minhas fraquezas?
Ou aquilo que procuras é aquilo que vendo de mim?
Sabes... eu acho que me vês, como eu sou e ainda assim me dás a oportunidade de fazer o meu teatro até que, quando as cortinas se fecharem, me digas «eu sei quem tu és».
E sabes que mais?
Vou admitir... vou.
Acho que é isso que eu quero...
Que me digas que sabes quem sou, com todas as minhas periclitâncias...
Que saibas que no fundo eu não sou a força que pareço mas que me debato e esforço por me manter na corrida.
E cada vez mais acho que o importante, o realmente importante, não é aquilo que estamos a ser mas aquilo que queremos e ansiamos ser. Aquilo para o que nos direccionamos... mas por outro lado... somos aquilo que somos.
Eu sou debil. Sou assustada, medrosa do amanhã... mas encaro-o todos os dias com uma força redobrada de quem pode não ter amanhã e por isso o agora é o mais importante.
Não sei (nem me interessa!) se queres ou não saber o que sinto e por isso acabo por transforma-lo em nada para que possas apenas ver o nada mas eu sei (eu sei, tenho uma quase certeza irracional) que vês que debaixo deste manto de desinteresse há algo mais.
Há. E às vezes... grito-o tão alto dentro de mim que até tenho medo que me ouçam!
Tenho medo... de ser descoberta, de que saibam (saibas) que afinal esta força é toda criada e alimentada dentro de mim e que não existe.
Mas a força que dou à minha força, a vontade que retribuo à minha vontade é inabalavel como a força da Natureza porque é dela que ela vêm.
E, se quiseres, posso partilhar contigo o meu verdadeiro «Eu»... se estiveres preparado... sei que o vês, porque no fundo tambem não o consigo esconder de ti porque... porque... porquê não sei explicar... há coisas, e essas sim as mais importantes dentro de mim, que não consigo explicar... tal como não consigo arranjar razão para a enorme alegria que sinto quando fecho os olhos e sinto que estou aqui...
Não posso dizer-te o que sinto... mas posso dizer que se achei que eram apenas bonitas coincidências, hoje aprecio cada momento delas certa de que é isso que devo fazer.
E sabes que mais? Que se lixem as regras, os comportamentos, os medos e as supostas convenções!
Eu sempre quis deixar uma tábua rasa contigo e sempre o fiz. Dei-te uma oportunidade única mesmo quando me foi dito que deveria condensar a minha compreensão... ahhhh! Que se lixe!
Tu por acaso testaste-me?
Tu por acaso estás a ver onde vou?
Então deixa-me abreviar caminho e dizer-te que vou para... não sei!!...e sinto-me maravilhosamente bem assim!
Adoro ir contigo onde não sei onde vou.
E, se quiseres, vamos continuar a ir e até, quem sabe, se estiveres preparado vais ver debaixo desta capa o meu verdadeiro «Eu».
Um dia... quiçá!

30 – Abril – 2008

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