há um fumo que se adensa e que esconde o que houve

Onde antes havia medos houve esperanças.
Onde antes havia esperanças houve paixão.
E agora? O que há?
Há amizade? Há um fumo que se adensa e que esconde o que houve.
Acreditou-se existir muito e... o que existe afinal?
Tenho medo novamente e as esperanças vão se cobrindo de um manto de silêncios onde escondo o que não sei o que dizer.
Não me questiono sobre o que sinto mas sinto que o que foi sentido está, devagar, a ser coberto de nada.
E é disso que tenho medo.
Acreditei, tentei e, sem receios, afundei-me novamente nas minhas sensações de que tudo seria o céu.
E tu... tão perfeito, tão cheio de cor estás, lenta e profundamente, a afundar-me naquilo que pensei que sentias.
Se o escondes, se o manuseias de forma a deixar de existir ou se apenas descobriste que foi um devaneio... não o sei.
Nada é dito, o silêncio das palavras que escondes mas que dentro de mim se gritam mostram-me que está na altura de descobrir o verdadeiro caminho.
Abandonar mais uma vez as minhas esperanças e caminhar o longo e sinuoso caminho que percorro, sozinha.
Achei, acreditei e fiz-me crente de que estavas em mim e, apesar da tristeza que sinto, começo a ver que, mais uma vez, me enganei a mim própria...
Ou que apenas estou enganada...
Gostava tanto... que as coisas fossem da cor que as vi, que tu conseguisses ultrapassar esse teu nem-sei-o-quê e que apenas estivesse errada...
Fui eu? Que foi que eu fiz... já fui perfeita. Se já fui o que querias...
Ontem vi e chorei o momento. O momento em que de bestial fui besta e em que questionaste a decisão que tomaste.
Sei que, pelas cores que vi de ti, achas que deves ser recto, manter decisões, assumir compromissos mas se o amor que sentias já era não há nada de recto em continuarmos assim.
Amizade será sempre, amor e paixão que eu vi não sei onde está, se foi, se volta, se era...
És frio ou então apenas sou eu que tenho um medo-terror que estejas a ir nesse caminho.
Sou apenas aquela que achou que o teu arco-iris e os kilometros de olhos me levavam longe... para longe das mentiras, do que já foi...
E agora, o medo de te ter visto ao longe e com o meu cérebro binoculo achar-te perto, não sei se me queres afastar, se te achas demasiado perto ou se apenas esse teu receio nos afastou ou se... sou apenas eu, com a minha falta de auto-estima, o meu amor-próprio fingido que te afastei dentro de mim e por isso vejo-te longe.
Queria ter a coragem que afirmo ter e conseguir regurgitar estas palavras e pensamentos em ti mas a verdade é que não sou. Sou fraca, pequena... sinto-me a vazar por dentro sem força nem vontade de falar.
Tenho medo das tuas respostas que não quero ouvir. E por isso nada digo apesar de (como eu quero estar errada) achar que nada há a dizer...
Não vou continuar a dissecar o que não sei.
É-me doloroso pensar que estamos a arrastar.
É coisa que não quero. Sei o que é, senti o que doi e apesar de tudo repito-o apenas porque no fundo não te quero afastar.
Tenho medo novamente e as esperanças vão se cobrindo de um manto de silêncios onde escondo o que não sei o que dizer.

Sou apenas aquela que achou que o teu arco-iris e os kilometros de olhos me levavam longe... para longe das mentiras, do que já foi...

24 – Junho – 2008

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