l’important ce n’est pas la chute, c’est l’atterrissage...

O mais importante não é a queda mas sim a aterragem e eu, conto aterrar de pé.
Tenho que aterrar de pé. É a única maneira que sei de fazer as coisas. Por mais que os pés quebrem até aos joelhos, será de pé. Não vai ser agora... Não podia ser agora.
Entre caminhos, palavras ditas, ouvidas, sussurradas, murmuradas, escritas, lidas não ditas...
O mais importante não é a queda... cair todos sabemos... o mais importante é como se aterra... e eu quero aterrar de pé.
Por mais que essa não seja a real aterragem nunca se saberá.
Levo comigo aquilo que não te disse e que senti. Dir-te-ei a ti... se calhar... se, por entre caminhos, palavras ditas, ouvidas, sussurradas, murmuradas, escritas, tas disser.
Sei que não precisaria de tas dizer. Se te ouvires, ouvir-me-ás a mim... a falar, baixinho... sussurrando que cairei de pé...

E a ti?

Ouço-te, acho... também como me ouves... também... a dizer que cais de pé... como eu... olho-me ao espelho e é a ti que vejo... ouço a minha queda, lenta (até parece que alguém domou o tempo) e sinto-me a cair... sei que a queda acaba e que só não já acabou porque alguém, talvez até tu, domou o tempo... e ele passa por todos, menos por nós... onde, para nós, alguém domou o tempo e este passa... devagar... tão devagar quanto o tempo que finjo ter demorado a ver-te... ainda hoje me convenço que não te vi. Que não olhei para ti e vi-me, como que ao espelho... às vezes ainda faço como se não acreditasse que te consigo ouvir... a falar, baixinho... a sussurrar que também tu cairás de pé.
Sabemos, perfeitamente, que não é verdade...
Nada mais será igual... porque o que interessa não é a queda mas sim a forma como se cai... e eu, se falo por mim, vejo-te igual, caí.
Não sei como, nem reparei, ou, olhando ao espelho para poder dizer que eras tu, justifiquei assim a minha própria queda.
Caí, e nem dei conta... e a mim que o que mais interessava era a forma como cairia... de pé...
E afinal?? (querem saber) Aterrei de pé?
Não sei... não dei conta... mas, se o mais importante é a forma como se cai, olhei para ti a ver como tinhas caído... caíste?? Não vi... não reparei... e por entre caminhos, palavras ditas, ouvidas, sussurradas, murmuradas, escritas, não ditas... fiquei à espera de que me conseguisses explicar como caí...
Olhei e vi... que afinal a queda que sempre pensei já ter acabado, ainda acontecia, a olhar o espelho via-te a ti no chão... sim porque tu caíste de pé.
Eu?? Vou ver ainda onde cairei mas, como o mais importante não é a queda mas sim a forma como se aterra, cairei de pé... por mais que os pés quebrem até aos joelhos, será de pé. Não vai ser agora... Não pode ser agora.
Sei que é isso que espero de mim e minha imagem ao espelho, tu, também. E eu, que quando olho ao espelho sou tu, aterrarei de pé.
Porque é isso que eu sou... o mais importante não é a queda, mas a forma como se aterra e, por ti que és eu no espelho, caio de pé.

25 – Setembro – 2007

1 comentário:

SuRi disse...

O importante é cair de pé..realmente é... Não importa qdo nem onde, mas é cair de pé!
Gostei mto... e acho que realmente conseguiste cair de pé. Acreditar é o primeiro passo para conseguir...